Natural de Taquari, a jornalista e publicitária Aline Ben da Costa, 34, deixou de lado o cotidiano nas redações e migrou para o mato. Suja de poeira, de barro e de graxa, passou a acompanhar equipes e campeonatos de rally. Do ambiente formal como produtora de televisão, abandonou a maquiagem. Agora o item obrigatório é o repelente. Essa nova paixão se transformou em trabalho
Como o rally entrou na tua vida?
Trabalhava como assessora de imprensa à prefeitura de Taquari. O município trouxe uma etapa do campeonato gaúcho de rally. Fiz a cobertura, fui junto com as equipes na trilha e esse material repercutiu. Percebi que há uma carência muito grande de trabalho de comunicação para esse esporte e resolvi virar empreendedora. Agora presto serviço de marketing, fotografia e produzo conteúdos para esse segmento.
Você atuou por anos como produtora de televisão. Agora passou a trabalhar ao ar livre. De que forma isso mudou a tua vida?
Tive de me adaptar. Troquei o salto alto pelas botinas. As vestes sociais por roupas para trilha. Deixei de lado a maquiagem e peguei o repelente, pois sou alérgica a picada de mosquito. Levo tudo o que posso para me proteger. Boné, capa de chuva. Não importa o tempo, vamos estar no meio do mato. Também é preciso ter muitos pares de meia, não dá para ficar com os pés molhados.
Qual a sensação de acompanhar as provas dentro dos jipes?
É tudo muito novo. Vou dentro dos carros, fico em alguns pontos para fazer fotos, ajudo a desatolar, saio coberta de lama. É uma adrenalina. Me apaixonei por essas aventuras. Tanto que fiz uma tatuagem no braço com imagens de trilhas. Fiz um Troller. É o que eu mais gosto. Brinco que é um monstrinho, pois tem muita presença.
O que levou a se apaixonar por esse esporte?
Não sei. São vários fatores. Comecei a acompanhar as etapas, conhecer cidades diferentes e ver a evolução das equipes. O rally é um esporte que tem muita participação das famílias. Passei a vivenciar com eles a emoção da trilha. Vibro junto após cada prova.
Que tipo de mudança essa relação de esporte e natureza provocou em ti?
Por ser um ambiente todo novo, tive de me reinventar. Passei a confiar mais em mim. Aprendi e aprendo muito, principalmente sobre carros. Também estou mais corajosa. Antes eu sempre tive muito medo de acidentes, inclusive sofri dois. Os desafios dessa novidade me mostraram que é sempre possível fazer melhor, colocar novas ideias em prática e crescer.
Voltaria a trabalhar em uma redação?
Não sei. Acho que só se o rally me abandonar. Quando o bichinho da trilha morde, ninguém mais tira.
FILIPE FALEIRO – filipe@jornalahora.inf.br