Depois de 28 anos, sargento se despede do Corpo de Bombeiros

Estrela

Depois de 28 anos, sargento se despede do Corpo de Bombeiros

Com a nova rotina, Joel Moraes da Silva pretende se dedicar mais à família

Depois de 28 anos, sargento se despede do Corpo de Bombeiros

Após quase três décadas de serviço, o sargento Joel Moraes da Silva, 49, se despede do Corpo de Bombeiros. Ingressa na reserva como 1º tenente, com um longo currículo de atuação na região, em ocorrências que vão de resgate de gatos em árvores a salvamentos na maior enchente do Vale e em incêndios que lhe marcaram pele e memória.
Natural – e ainda morador – de Bom Retiro do Sul, ele conta que se tornou bombeiro depois que um vizinho comentou sobre a abertura do concurso. Na época, trabalhava na fábrica de calçados Reifer. Após muitas fases eliminatórias, teóricas e práticas, em 1991 garantiu uma das 35 vagas disputadas por cerca de 900 candidatos.
Entrou para o 6º Batalhão de Bombeiro Militar, de Santa Cruz do Sul. Durante toda a carreira, atuou no quartel de Estrela. Na época, a unidade atendia também Lajeado. Por isso, sua primeira ocorrência com óbito aconteceu na maior cidade da região.
“Um fusca entrou embaixo de um caminhão, na BR 386. Quando chegamos, o motorista já estava sem vida. Como eu era muito novo, aquilo me marcou”, recorda.
Assim como o resgate de moradores em Marques de Souza na enchente de 2004, o combate a um incêndio em Vespasiano Corrêa é uma lembrança importante. Um caminhão com 35 mil litros de álcool caiu em um penhasco. O motorista saiu ileso, mas os bombeiros tiveram bastante trabalho para conter as chamas. “Tive queimaduras de segundo grau na mão e no rosto.”
Situações inusitadas também fazem parte das atribuições de um bombeiro. Caso assim aconteceu no presídio de Lajeado. Um detento, que estava consertando o chuveiro, prendeu a mão no vaso sanitário ao tentar recuperar uma ferramenta que havia caído. “Como não são sanitários convencionais, mas têm uns 80 centímetros de concreto, ficamos das 19h até 1h30 para conseguir soltar o braço dele em segurança”, detalha.
Nesse período, Moraes também constituiu família. Casado há 18 anos, é pai do Gabriel, 14, e Vitor, 8. O caçula, inclusive, não descarta seguir a profissão militar. “Ser bombeiro é o plano ‘B’. O ‘A’ é ser jogador.”
Agora, Moraes pretende ajudar mais a esposa, Carla, no cuidado dos filhos. Também vai aproveitar o tempo livre para auxiliar na rotina médica dos pais. “Mas, primeiramente, tenho que me acostumar com a ideia.”
 

GESIELE LORDES – gesiele@jornalahora.inf.br

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