Faz cerca de três anos, Hellen Prestes dos Santos, 20, resolveu seguir uma vida alternativa. Natural de Rosário do Sul, pegou a mochila e passou a viajar o estado, tendo como sustento o malabarismo e o artesanato. Para ela, não há salário fixo que pague a liberdade. Hoje grávida de cinco meses, prolongou a passagem por Lajeado, onde faz pré-natal e se prepara para dar à luz a pequena Cristal
Como você veio parar em Lajeado?
Viemos cruzando diversas cidades e paramos em Lajeado. Sou natural de Rosário do Sul, lá na fronteira, perto de Santana do Livramento. Vim com o meu companheiro. Ele é malabarista também. Nós vivemos da arte. Enquanto estou aqui, ele está em outro semáforo.
Por que você escolheu esta cidade?
Estávamos aqui e, como estou grávida, decidimos permanecer para fazer o pré-natal. Está muito frio, e é melhor ficar em um lugar só agora. Antes, ficávamos acampados de barraca, de cidade em cidade. Costumávamos ficar menos de um mês em cada lugar, apenas algumas semanas e aí já partíamos novamente. Agora estamos morando perto da Praça do Chafariz, em uma casa dividida com outras pessoas.
Como você aprendeu as técnicas de malabarismo?
Foi convivendo com os amigos. Morei um tempo em Estrela, e lá conheci algumas pessoas que já faziam malabares. Às vezes é bem difícil, porque as pessoas não colaboram muito. Não veem como uma arte. Até porque há outros que apenas pedem na sinaleira, então pensam que estamos fazendo a mesma coisa. Mas não, estamos oferecendo arte para que as pessoas se sintam mais alegres no dia a dia. Ao invés de ficar parado olhando o semáforo fechado, eles podem ver um artista expondo o seu trabalho. Tem bastante gente que colabora também.
Você leva a arte para as pessoas, e o que você espera em troca?
Eu procuro ser sempre grata pelas pessoas colaborarem. Alguns reconhecem que estamos fazendo diferença no dia deles. Às vezes, um simples sorriso é suficiente. Estamos sempre tentando passar algo positivo.
Qual foi o maior aprendizado que essa vida já te proporcionou?
Aprendi a viver de um modo alternativo. A gente aprende muito viajando por aí, conhecendo outros lugares, outras pessoas. Trabalhamos para nós mesmo e conseguimos fazer tudo, como pagar aluguel, se alimentar. Este é o maior aprendizado: aprender a se virar.
ALEXANDRE MIORIM – alexandre@jornalahora.inf.br