Esperada durante anos como potencializadora da economia regional, a reativação do Porto de Estrela está mais perto de ser concretizada. Na última sexta-feira, em Brasília, foi dado mais um passo rumo à municipalização da área, tida como condição para que se conceda as operações à iniciativa privada. O avanço das tratativas desperta interesse em empresários e cria expectativa de desenvolvimento econômico para o Vale.
As portarias assinadas pelo órgão federal alteram as áreas das poligonais de 16 portos no Brasil, incluindo o de Estrela. A medida desclassifica o Porto de Estrela, como de grande porte. A revisão tem por objetivo definir com maior clareza quais são os limites geográficos da jurisdição e da atuação desses portos.
O prefeito Rafael Mallmann comemora o andamento das negociações e projeta que a área seja transformada em um um porto seco. Mallmann destaca que a ampla área não construída favorece o projeto. “Naqueles 34 hectares excedentes, nossa ideia é trazer empresas na área de transportes para que se faça da área um grande centro logístico”, projeta.
Menos exigências
Na prática, são reduzidas as exigências para instalação de atividades, que antes eram equivalentes a grandes portos como o de Rio Grande. De acordo com o secretário municipal de Planejamento, Paulo Fink, o próximo passo é a reclassificação do porto. “Provavelmente será classificado como de pequeno porte. Com isso, se dá sequência ao processo de municipalização.”
Com a área sob responsabilidade do governo municipal, será criada uma empresa pública que fará a licitação para que empresas se instalem no local. De acordo com o governo, já há interessados.
Centro logístico
Diretor da Câmara da Indústria, Comércio e Serviços do Vale do Taquari (CIC-VT), Ardêmio Heineck destaca que Estrela possui um entroncamento entre os modais rodo, hidro e ferroviário, como poucos no país. Além disso, a ampla área do porto permite uma grande capacidade de armazenamento de mercadorias.
“A grande solução é que se torne um grande centro logístico, um entreposto comercial, para receber, armazenar e despachar mercadorias. Isso vai criar uma baita oportunidade de negócios para Estrela e região”, projeta.
Integrar modais
Para Diego Tomasi, pós graduado em Logística e diretor de uma empresa do ramo com sede em Estrela, a localização, com acesso a uma rodovia duplicada e uma ferrovia, é um ponto forte. Porém, para que se torne novamente viável o transporte pelo Rio Taquari, é necessário criar um volume maior de carga.
“Antes de ter o navio, tem que ter a carga para transportar. É preciso criar uma área ao redor do porto que traga empresas de logística e transporte, gerando uma demanda para o porto operar”, afirma.
Porto sem carga
A paisagem destoa do que se espera ver em uma área portuária. Nenhum navio carrega ou descarrega no Porto de Estrela. As únicas embarcações são os barcos que atuam na extração de areia. Os trilhos que vão até o local estão interditados. Nenhum trem chega ao porto há mais de quatro anos.
Construído entre 1975 e 1977, o Porto de Estrela chegou a ter média de uma viagem por dia e mais de 30 funcionários na década seguinte. Hoje está convertida em uma das estruturas portuárias menos ativas do país. Em 2014, foram realizadas apenas cinco viagens.
Com 585 metros de extensão, o cais de acostagem possui seis berços para embarque e desembarque, além de dois armazéns graneleiros.
MATHEUS CHAPARINI – matheus@jornalahora.inf.br