A Associação Abrigo São Chico e a administração municipal de Lajeado confirmam possibilidade da casa de assistência social ser transferida ao bairro Praia. A negociação com o proprietário de uma residência com endereço ainda não divulgado está avançada e deve ser finalizada na próxima semana com a assinatura do contrato.
Expectativa do coordenador do abrigo, Luiz Carvalho, é que a mudança ocorra em 90 dias, após adequações na casa. “Estamos bem felizes e animados. O proprietário precisa retirar alguns móveis e temos que fazer alterações para abrigar os usuários do serviço”, comenta.
O espaço maior é uma das vantagens, destaca Carvalho. Conforme ele, o futuro lar tem cerca de mil metros quadrados de área construída e cerca de dois mil metros quadrados de pátio, possibilitando oficinas e atividades laborais. “Oferecer algo para que os usuários se envolvam durante o dia é um desejo antigo que pode ser realizado no novo espaço”, comemora Carvalho.
Outro benefício é a proximidade com a área central, onde há concentração maior dos moradores em situação de rua. Para Carvalho, a transferência à Praia irá beneficiar a comunidade, pois haverá acréscimo da segurança do bairro.
“Precisamos do abrigo”
Está será a sexta mudança do Abrigo São Chico nos 18 anos em atividade. A associação que iniciou nas redondezas da Paróquia São Cristóvão, em 2001, já esteve instalado nas proximidades do Colégio Evangélico Alberto Torres (Centro), em frente ao Colégio João Batista de Mello (Centro) e na Rua Moisés Cândido Veloso (Hidráulica).
Atualmente, o abrigo fica na rua XV de Novembro, em frente à Escola Estadual Irmã Branca, no bairro Florestal. Desde março, a comunidade escolar pede a transferência do São Chico em função de perturbação e delitos cometidos por possíveis frequentadores.
Responsável pela Secretaria do Trabalho, Habitação e Assistência Social (STHAS), Céci Gerlach destaca as dificuldades em encontrar um endereço adequado ao São Chico. “Ninguém quer um espaço para moradores de rua próximo de casa. Mas precisamos do abrigo na cidade”, defende.
Ela acredita que o São Chico trará benefícios em médio prazo ao bairro Praia. “Temos a experiência na rua Alberto Torres, onde o abrigo foi instalado. No começo, a comunidade não gostou da ideia, mas depois houve um consenso de que era uma boa localização. O abrigo só saiu de lá em função do espaço”, comenta.
Céci destaca que reuniões serão feitas com representantes da comunidade para debater a instalação do São Chico no bairro.
A entidade sem fins lucrativos atende adultos que se encontram em situação de rua garantindo direitos básicos como moradia, alimentação, higiene, vestuários e atendimento psicossocial. A capacidade é para 44 vagas (40 para homens e quatro para mulheres). A administração municipal auxilia o abrigo com repasse de R$ 56 mil mensais.
Abaixo-assinado contra mudança
Enquanto as tratativas para instalação do abrigo estão praticamente finalizadas, o presidente da Associação de Moradores do Bairro Praia, Jean de Amorim, 28, questiona a falta de diálogo com a comunidade e afirma que a maioria dos moradores é contrária à instalação do abrigo no local.
Amorim ficou sabendo da transferência, no fim de semana, após ver a notícia num meio de comunicação regional. “Ninguém veio pedir o que achamos de ter um abrigo no bairro. Vejo isso como uma falta de consideração”, reclama.
Em conversas informais com moradores, Amorim destaca a preocupação da comunidade com o avanço da violência nas proximidades do abrigo e concentração de usuários de drogas no local. “Nosso bairro já tem problemas com a drogadição. O abrigo vai impulsionar ainda mais isso”, acredita.
Um abaixo-assinado está sendo preparado pela associação de moradores. Amorim prevê até um protesto da população contra a mudança do abrigo ao bairro.
FÁBIO KUHN – fabiokuhn@jornalahora.inf.br