Colecionar moedas e cédulas. Mais do que isso, manter organizado um acervo de milhares de itens, estudar o contexto histórico das preciosidades. A numismática mobiliza dezenas de pessoas na região e se expande. Um grupo criado em 2017, com cinco membros, tem hoje 35 colecionadores que se reúnem mensalmente para trocar e comercializar moedas.
O primeiro encontro numismático da região ocorre hoje, das 9h às 17h, no salão da Oase, em Estrela. Serão 16 expositores de todo o estado. O evento é aberto ao público em geral.
“A ideia é trazer um pessoal de fora, para que as pessoas vejam as antiguidades e tenham contato com esse mundo de colecionador”, afirma André Schossler, organizador. Além de moedas e cédulas, o evento contará com colecionadores de outros itens, como relógios e selos.
Apoio da tecnologia

Milton Schmidt desenvolveu um sistema próprio para guardar sua coleção
Quando entrou para o grupo numismático da região, o contabilista Felix Bischoff, de Arroio do Meio, descobriu os sites especializados, como o “numista.com”.
Pelo celular, ele acessa um catálogo virtual com suas 4.056 moedas, cadastradas uma a uma. Por ali também é possível trocar informações e peças com colecionadores mundo afora.
Desde o início dos encontros dos colecionadores, sua coleção quase triplicou. Foi o segundo momento decisivo da trajetória do numismático. O primeiro foi na década de 1990, quando um amontoado e moedas velhas guardadas começou a ganhar sentido.
“A diferença entre uma coleção de moedas e uma acumulação de latas velhas é exatamente dar um norte, ter um objetivo. Senão, você vai ser um acumulador de entulho”, define.
Sua coleção é focada em moedas estrangeiras. Bischoff possui itens de 211 países, alguns que nem existem mais. Quando algum conhecido vai viajar para outro país, já sabe: tem que trazer as moedas do Félix.
A primeira moeda brasileira
Veio da infância o hábito de Milton Schmidt de colecionar objetos. No início eram flâmulas, caixas de fósforos, carteiras de cigarro, cartões postais. A brincadeira de guri se tornou séria cerca de dez anos atrás, quando ficou um mês afastado do trabalho por motivos de saúde.
Sua coleção é focada em moedas brasileiras e tem itens desde o século XVII. “É uma moeda de prata, de 1695. Foi a primeira moeda cunhada no Brasil”, afirma. A peça tinha valor de 640 réis, equivalente a duas patacas.
“Ganhei moedas do meu avô, de doadores, de amigos e também adquiri. No aniversário, Natal, Dia dos Pais, alguém que queira me dar um presente já sabe que meu gosto é por moedas.”
Schmidt desenvolveu um sistema próprio para armazenar sua coleção. As peças ficam guardadas em caixinhas de CD, dentro de cápsulas individuais. Cada caixa traz informações como data e material. Todas as moedas estão guardadas em três maletas metálicas.
Moedas que tiveram baixa tiragem, edições especiais ou com defeito de gravação ganham mais valor. Uma moeda de mil réis, produzida em 1922, comemorativa aos 100 anos da independência, é um exemplo. No lugar de “Brasil” está escrito “Bbasil”. O exemplar de 500 réis, mais raro que o de mil réis, é um dos que falta na coleção.
MATHEUS CHAPARINI – matheus@jornalahora.inf.br