A violência contra uma cachorrinha de aproximadamente 3 anos chocou o Vale do Taquari e teve repercussão em todo o estado. O caso de maus tratos, que aconteceu na semana passada durante furto a uma residência no bairro Canabarro, é investigado pela Polícia Civil e chama a atenção pela crueldade.
Nina, como é conhecida, teve uma das patas cortadas pelos criminosos e também sofreu cortes no rabo, além de lesões nos dentes e na gengiva. Ela chegou a ficar com os ferimentos expostos por 24 horas.
De acordo com a ONG Associação Protetora dos Animais de Teutônia (Apante), Nina foi socorrida na noite de sábado passado, 29, quando os donos – que estavam viajando – retornaram para casa.
“O casal chegou e encontrou ela com muitos ferimentos. Eles acionaram a Brigada Militar, que chamou a Apante, e nós encaminhamos a Nina para uma clínica veterinária. Ela perdeu muito sangue. Infelizmente não conseguimos salvar o resto da perninha e ela teve que amputar parte do rabo também”, relata a voluntária da entidade, Aline Taís Wiebusch.
A organização, que existe desde 2006 e conta com cerca de 15 voluntários, nunca atendeu um caso de tamanha repercussão.
“Foi tão cruel que chocou até os policiais. A maioria dos nossos atendimentos é de abandonos de animais”, explica Aline.
Lar temporário
Nina ficou internada na clínica até terça-feira, 2, à noite, quando teve alta. Depois, foi encaminhada para um lar temporário. A cada dois dias, é levada para a veterinária para novas consultas. “Ela toma antibiótico e está comendo normalmente. Mas ainda é uma situação de risco e que inspira cuidados”, comenta Aline.
Os pontos serão retirados no dia 15 deste mês. Conforme a ONG, a cachorra estava com um olhar triste e sentia muita dor. Agora, parece mais animada e consegue andar sozinha, ainda devagar. “Ela faz suas necessidades sozinha e está recebendo muito amor e carinho”, diz a voluntária da entidade.
A Apante aguardará a conclusão das investigações para definir o destino da cadelinha, já que a família tutora está em processo de mudança para Estrela.
Dois suspeitos
Após registro do boletim de ocorrência, a Polícia Civil abriu inquérito para apurar o caso. Segundo o delegado Alex Assmann, há dois suspeitos. Além das agressões contra Nina, também houve furto de um forno elétrico e de um micro-ondas que estavam na residência.
“Estamos trabalhando com oitivas para responsabilizá-los pelos crimes de furto qualificado e de crueldade contra os animais”, cita. Somados, os dois podem resultar em uma pena de dois a nove anos de prisão.
O inquérito será concluído em até 30 dias. Para Assmann, pela natureza dócil, é improvável que Nina tenha avançado nos criminosos quando eles invadiram a residência.
MATEUS SOUZA – mateus@jornalahora.inf.br
