Prova termina na delegacia

briga na autoescola

Prova termina na delegacia

Aluno e examinador de trânsito se desentenderam durante exame de direção no Alto do Parque. Filmagens de veículo serão utilizadas para auxiliar na investigação do caso

Prova termina na delegacia

A Polícia Civil investiga uma briga envolvendo um condutor em formação e um examinador de trânsito durante o exame de direção veicular de uma autoescola da cidade. A confusão ocorreu na tarde de terça-feira, 2, na rua Piauí, no bairro Alto do Parque, no espaço destinado para as balizas.
As duas partes registraram boletins de ocorrência pouco depois da briga, com versões conflitantes, onde um acusa o outro de agressão. O Departamento de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS) vai abrir um processo administrativo para analisar o caso.
O aluno, de 19 anos, estava a bordo do Chevrolet/Onix pertencente ao Centro de Formação de Condutores (CFC) sediado no Centro da cidade. Acompanhado do examinador, ele iniciou a prova por volta das 15h30min, quando recebeu a ordem para estacionar. O condutor acelerou e, neste momento, iniciou a briga.
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A discussão foi presenciada por condutores em formação que também realizariam o exame prático naquela tarde, por outros examinadores, instrutores de autoescola e também por vizinhos. A Brigada Militar chegou a ser acionada para conter os ânimos.

“Nos causou muita surpresa”

Tão logo aconteceu a briga durante o exame de direção, o diretor do CFC responsável, Cesar Schardong foi comunicado do fato. E se mostrou surpreso, principalmente pela natureza dos dois envolvidos.
“Tanto o aluno quanto o examinador sempre se mostraram muito tranquilos. Isso nos causou muita surpresa. Em 22 anos de CFC, jamais passei por uma situação dessas. Nem no estado lembro de algo semelhante”, comenta.
As aulas e as provas são filmadas por uma câmera localizada no interior do veículo. Segundo Schardong, as imagens são de propriedade do Detran-RS, que vai averiguar o que ocorreu durante o desentendimento e abrirá um processo administrativo.
“Como há duas versões, ainda não sabemos qual será o procedimento”, cita.
Devido à confusão, uma parte dos alunos que estavam com prova de direção marcada para a tarde de terça-feira tiveram seus exames cancelados. Conforme Schardong, foi solicitada uma nova data para o Detran. “As provas adiadas devem acontecer em duas ou três semanas”, acredita.

Examinador veio de fora; aluno teve segunda reprovação

A reportagem do A Hora tentou, durante a tarde e noite de ontem, contato com o instrutor e o condutor em formação, mas ambos não atenderam às ligações. O profissional, de 40 anos, reside em Estância Velha e foi designado para atuar no exame de direção neste CFC pelo Departamento de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS).
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Já o aluno reside no bairro Santo Antônio e trabalha como auxiliar de indústria. Ele estava em processo para obtenção da primeira habilitação na categoria B, que permite a condução de veículos de passeio em todo o território nacional. Esta seria sua segunda tentativa no exame de direção, após concluir todas as 25 horas/aula obrigatórias do curso prático.
O exame prático é realizado em duas etapas. A primeira, das balizas, é quando o candidato faz a simulação do estacionamento em uma vaga e tem três tentativas e quatro minutos para executá-la. Caso faça a manobra no prazo e sem ultrapassar os três pontos de falta, passa à segunda etapa, que é a do percurso.

“É mais repercussão social do que criminal”

A confusão envolvendo as duas partes durante a prova prática de direção é considerada inusitada, por se tratar de algo incomum. A delegada Márcia Scherer, da DPPA de Lajeado, disse nunca ter visto caso semelhante na Polícia Civil.
“Não é normal que alunos ou examinadores fiquem ofendidos. É um fato totalmente inusitado e que eu nunca tive informação de algo parecido por aqui. Se trata de um delito de menor potencial ofensivo”, explica.
Como uma das partes (o examinador) decidiu representar criminalmente, a investigação será levada adiante. Para isso, a delegada explica que devem ser ouvidas testemunhas do caso e as imagens captadas pela câmera instalada no veículo serão solicitadas ao Detran para auxiliar no trabalho.
“É um caso de mais repercussão social do que criminal. Certamente vai para o juizado especial criminal. Mas são situações que, normalmente, na primeira audiência pode se resolver em um acordo”, avalia Márcia. Entretanto, ressalta o papel da Polícia também como um órgão apaziguador. “Tentamos também acalmar as pessoas que chegam bem nervosas aqui”.
Para casos de menor potencial ofensivo, a legislação prevê uma pena máxima não superior a dois anos, cumulada ou não com multa.
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FÁBIO KUHN – fabiokuhn@jornalahora.inf.br

MATEUS SOUZA – mateus@jornalahora.inf.br

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