Mais de 25 mil atendimentos deixam de ser realizados por ano em Lajeado devido ao não comparecimento dos usuários nos compromissos agendados no SUS. Reportagem veiculada nesta edição aborda os prejuízos sociais e financeiros causados por essas audências.
Não apenas na cidade mais populosa do Vale, mas gestores de saúde em toda a região se preocupam com o tema. A ausência dificulta o acesso de outros usuários à rede e eleva o prazo de espera para uma consulta. Quando o cidadão deixa de comparecer, gera tempo ocioso no sistema, enquanto pacientes com necessidade urgente de atendimento seguem no aguardo.
O prejuízo financeiro também é significativo, já que o serviço é pago pelo município mesmo quando o usuário não o utiliza. Aofaltar a um compromisso sem aviso prévio, o paciente faz o município perder aquela consulta ou exame dentro do sistema. O cidadão deve avisar a secretaria pelo menos 24 horas antes da consulta.
Os municípios precisam garantir condições adequadas para o planejamento das ações e coordenação dos tempos de atendimento. As ausências injustificadas interferem tanto na qualidade do serviço quanto no gasto com a manutenção das equipes. Essas faltas geram desassistência à população e a ocorrência deve ser estudada.
Ao passo em que há dificuldades em custear o atendimento, devido à queda na arrecadação e à crise nas contas públicas, ter um serviço eficiente é fundamental para evitar gastos desnecessários. Mesmo com tantas insuficiências, é preciso reconhecer as conquistas do SUS e auxiliar no seu fortalecimento, pois consiste no único plano de saúde para cerca de 80% da população brasileira.
O assunto remete a um debate maior sobre a responsabilidade da população para com aquilo que é público. Ao faltar às consultas, sem aviso prévio, o paciente se omite da sua responsabilidade enquanto cidadão. Esse desdém representa um problema cultural do país. É como se o serviço público fosse de todos e de ninguém ao mesmo tempo.
Se há fortes cobranças em relação à postura ética no meio político, a sociedade precisa dar o bom exemplo e, nas pequenas atitudes, refletir sobre as suas consequências ao coletivo.
