O porteiro Valmir Erthal, 56, perdeu as contas de quantos cães já viu serem atropelados às margens da ERS-130, na altura do entroncamento com a ERS-453. “O animal é deixado aqui e fica desorientado. Não consegue nem atravessar a rua e já está morto”, lamenta.
A situação sensibiliza o porteiro e colegas de trabalho. Eles se mobilizam para encontrar lares aos cães abandonados. Quatro estão abrigados na empresa e ganham alimentação e abrigo. Entre os animais, está o Biela, cachorro que já se tornou bicho de estimação dos funcionários. “Se não fosse por nós, todos provavelmente estariam mortos”, acredita.
A frequência dos abandonos chama a atenção do porteiro. Chegam a ser mensais, afirma. “Conseguimos nos virar. Mas são muitos animais. Vai ter uma hora que talvez não teremos mais como ajudar”, constata.
Loreno Antônio da Luz, 59, foi um dos primeiros a instalar uma empresa no local às margens da rodovia. Conforme ele, há cães que estão faz mais de três anos no local. “Já cheguei a achar uma caixa com uma cadela e mais de cinco filhotes. É triste ver essa situação”, conta.
Da Luz ressalta que alguns cães conseguem novos lares e outros são cuidados pela população próxima. Entretanto, a maioria acaba ficando pela rua e, muitas vezes, morrendo em função de doenças.
Abandonos às escuras
Outras indústrias instaladas nas proximidades também abrigam animais e mostram apreensão com a série de abandonos que ocorre, principalmente, na madrugada e nos fins de semana.

Equipe de uma empresa abrigou quatro cães abandonados na rodovia
“Várias vezes chegava aqui e via cães soltos. No começo, pensava que era algum animal perdido, mas eles vão ficando”, conta Isabel Becker, 30. Conforme ela, pessoas já chegaram a colocar cachorros dentro do pátio da empresa.
Para flagrar donos que abandonam animais, as empresas instalaram câmeras no local e tentam identificar responsáveis pelos crimes para punições futuras. Em Lajeado, a legislação municipal prevê multa em três níveis: leve (R$ 440), média (R$ 1,2 mil) e grave (até R$ 2,9 mil).
FÁBIO KUHN – fabiokuhn@jornalahora.inf.br