Não há mais vidraças inteiras na Escola Estadual Luiza Henriqueta Ramos, de Cruzeiro do Sul. Cacos de vidro se misturam a restos de materiais escolares depredados nas duas antigas salas de aula. A cerca do pátio foi furtada, informam moradores próximos. Restaram centenas de livros jogados em uma pequena sala onde possivelmente era a diretoria.
Construído na década de 60, o colégio da Maravalha encerrou as atividades em novembro de 2018 após um trovão danificar equipamentos. Bastou sete meses para a estrutura ser totalmente vandalizada e apresentar os primeiros sinais de abandono.
A desativação da escola, com apenas cinco alunos na época, foi correta, apontam moradores. Entretanto a condição atual do prédio preocupa. “Minhas três filhas estudaram aqui. Foi necessário fechar, mas não imaginava ver a escola assim”, lastima o aposentado Paulo Mallmann, 61.
Ex-diretora na década de 90, Maria Aparecida Jacques, 71, faz coro às lamentações e se recorda de anos em que o educandário possuía cerca de 40 alunos. Para ela, o prédio faz parte da identidade local e poderia ser utilizado pela comunidade. “É uma pena ver um local por onde passou tantas crianças atirado dessa forma”, comenta.
Ainda não há um destino certo para o antigo prédio escolar, localizado ao lado do Salão Paróquial da Maravalha. Conforme a 3ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) de Estrela, o processo de desativação da Luiza Henriqueta Ramo segue no Conselho Estadual de Educação. Os cinco alunos foram transferidos para a Escola Itaipava Ramos e São Miguel, ambas de Cruzeiro do Sul.
Desinteresse e burocracia
A situação na Maravalha exemplifica destino de diversos prédios escolares desativados no Vale do Taquari. Sem uso, se tornam alvo de vândalos, são ocupados irregularmente ou se deterioram com o tempo.
A 3ª CRE informa que os imóveis desativados podem ser leiloados, repassados à administração municipal ou serem usados pela comunidade para fins educativos. Porém nem sempre há interesse do uso. Outro entrave para ocupação dos prédios é a demora nos trâmites burocráticos.
A coordenadoria destaca ainda que o patrimônio das escolas desativadas são transferidas para outros colégios estaduais para reutilização, preferencialmente dentro do mesmo município.
Mais de 40 prédios desativados
Matéria divulgada pelo Jornal A Hora, em setembro de 2011, mostrava o interesse de Executivos em ocupar escolas estaduais desativadas. Levantamento feito pela redação na época apontava que haviam 41 imóveis abandonados na área de abrangência da 3ª CRE e outros dois nos municípios de Poço das Antas e Dois Lajeados.
O número de escolas desativadas é desconhecido pela 3ª CRE. Uma empresa foi contratada pela Secretaria Estadual de Educação para fazer o levantamento dos prédios públicos ativos e inativos, entretanto a pesquisa ainda não foi finalizada.
FÁBIO KUHN – fabiokuhn@jornalahora.inf.br