Venda de “gado fantasma” teria lavado R$ 900 mil

Santa Clara do Sul

Venda de “gado fantasma” teria lavado R$ 900 mil

Operação da Polícia Civil apreendeu R$ 10 milhões em bens de investigados e fechou frigorífico no Vale

Venda de “gado fantasma” teria lavado R$ 900 mil

Uma operação que investiga suspeitas de lavagem de dinheiro resultou na suspensão das atividades do frigorífico Frigoforte, em Santa Clara do Sul, e na apreensão de R$ 10 milhões em bens dos investigados. Foram cumpridas doze ordens judiciais, sendo sete de bloqueio de bens patrimoniais e cinco de mandados de busca e apreensão.
Uma das maiores empresas do município, o frigorífico aparece em 11º lugar em retorno de ICMS ao município, o que representa em torno de 0,25% do valor total
As diligências ocorreram nos municípios de Harmonia, Lajeado, Santa Clara do Sul e Santa Cruz do Sul. O frigorifico Frigoforte teve as atividades suspensas. A terceira fase da operação Grande Negócio foi a conclusão de uma investigação que durou um ano e meio.
A ação foi realizada pela Delegacia de Polícia Especializada na Repressão aos Crimes Rurais e Abigeato (Decrab) de Bagé, com apoio das delegacias de Lajeado, Santa Cruz do Sul e Montenegro.

“Gado fantasma”

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Os falsos produtores de bovinos tiravam notas de venda de gado para o frigorífico de Santa Clara do Sul, que emitia contranotas. Assim, a transação adquiria aparência de legalidade.
As movimentações eram declaradas no imposto de renda dos investigados e do frigorífico. Desta forma, a empresa também se beneficiava financeiramente com as transações falsas, obtendo ganhos tributários ilegais e distribuindo pro-labore sem anotação contábil. O esquema teria lavado mais de R$ 900 mil.

15 meses de investigação

A investigação começou em março de 2018, a partir da suspeita de um morador de Harmonia, no Vale do Caí. Ele declarava venda de gado para ser abatido no frigorífico, mas não possuía lotação junto à Inspetoria Veterinária nem tirava Guias de Trânsito Animal (GTA). É a chamada venda de “gado fantasma”. Na prática, a comercialização dos animais não ocorria, apenas era declarada na contabilidade.
Ao longo da apuração foram constatados outros dois indivíduos, de Santa Cruz do Sul, que faziam a mesma operação. De acordo com a Polícia Civil, os três eram empresários autônomos e não produtores rurais.
O dinheiro seria proveniente de diversas atividades, como prestação de serviço e venda de carros, e não era declarado ao imposto de renda. A venda de gado era uma forma de regularizar a situação dos recursos com baixa carga de impostos. Os crimes investigados são organização criminosa, estelionato e lavagem de dinheiro.
 

MATHEUS CHAPARINI – matheus@jornalahora.inf.br

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