A destreza nos dedilhados, acordes e pestanas parecem movimentos naturais aos olhos dos espectadores que apreciam a arte da música na forma de violão. Mas quem teve pelo menos um contato com o instrumento sabe o quanto é desafiador tirar um som ágil, coeso e limpo. E, assim como na linguagem verbal as pronúncias variam, na música, a maneira de tocar cada nota muda de região para região. Reconhecer e unir esses “sotaques” do violão foi a missão assumida pelo músico encantadense Fernando Graciola.
Com quase um ano de existência o mais recente projeto do músico, o Sotaques do Violão, presenteou o público com entrevistas e músicas compartilhadas com outros grandes violonistas. “Não só dividimos as melodias, mas também vivências”, completa Graciola.
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O material produzido para o programa publicado na página do Facebook do projeto já representa um grande acervo da música latino-americana, considerado por alguns críticos como uma consulta obrigatória para quem toca, estuda ou gosta de violão.
Um talento que é daqui, Graciola divide a cena dos vídeos tanto com músicos reconhecidos mundialmente quanto com aqueles mais anônimos no cenário cultural latino. “O projeto é, sobretudo, uma reverência ao violão. E, através de uma conversa descontraída entre violonistas, a ideia é trazer à tona as diferentes sonoridades e sotaques de grandes violonistas da América Latina, famosos ou não”, destaca.
Música plural
De acordo com Graciola, a ideia do projeto surgiu a partir da necessidade de evidenciar o pluralismo da cultura violonística na América Latina. “Existem muitas estéticas nas quais muita gente trabalha em prol da evolução do violão e da música de uma maneira geral”, aponta.
Para idealizar o projeto, o violonista conta com a produção e direção do cinegrafista e técnico de áudio Eddie Turatti, da Prorecords Produções. Graciola, por outro lado, faz a concepção, produção, apresentação dos episódios e toca junto dos convidados.
Com prazo indeterminado de continuidade, o Sotaques do Violão deve ser expandido dentro dos próximos meses, indo para além das fronteiras do Brasil. “Primeiro buscaremos mapear a América Latina, depois queremos ir para o resto do mundo”, revela. Alguns dos episódios já disponíveis já possuem músicos vindos da Argentina, com pretensão estender até o Uruguai, depois Chile e Paraguai