“Não tenho medo da morte”

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“Não tenho medo da morte”

Com muita disposição, Olga Sausen encara os 106 anos com naturalidade. Moradora de Linha Tangerina, interior de Venâncio Aires, é frequentadora assídua dos bailes de terceira idade. Hoje reside com a neta Leni Hermes, responsável pelo comércio que abriu em…

“Não tenho medo da morte”

Com muita disposição, Olga Sausen encara os 106 anos com naturalidade. Moradora de Linha Tangerina, interior de Venâncio Aires, é frequentadora assídua dos bailes de terceira idade. Hoje reside com a neta Leni Hermes, responsável pelo comércio que abriu em 1956. Olga teve três filhos. Desses, apenas um está vivo. Tem ainda oito netos, seis bisnetos e quatro tataranetos

O que a vida te ensinou ao longo dos 106 anos?
Me ensinou a trabalhar (risos). Sempre trabalhei em casa, ajudava na roça e com costuras. A mãe era professora e costureira, aprendi bastante coisas com ela. O que mais gostava era de costurar. Costurei muitos vestidos de noivas, muitos me procuravam para fazer vestidos. Como sempre gostei de trabalhar, em 1956, quando o marido não conseguia mais trabalhar na roça, optamos por abrir um comércio em Linha Tangerina, que está aberto até hoje.
O que você faria diferente se fosse começar tudo de novo? Tem algum arrependimento?
Tudo que tenho hoje, que conquistei, foi como quis. Não tenho nenhum arrependimento. Poderia ter seguido como professora, mas nunca gostei de dar aula. Minha mãe foi professora e quando ela estava de licença, ajudava na escola. Talvez se pudesse começar de novo, ao invés de costurar e ajudar na roça, poderia ter seguido como professora, mas é algo não impactante.
A senhora tem medo da morte?
Não tenho medo da morte. Tenho medo de ficar em coma. Tenho pena das pessoas que não têm mais volta. Tenho medo de ficar assim.
Qual o seu maior sonho?
Um dos meus maiores sonhos é andar de avião. Mas acredito que não vou conseguir realizar ele por causa da minha saúde e idade. Não precisava ser uma viagem longa. Se existisse uma viagem curta, tipo de Venâncio Aires a Santa Cruz do Sul, eu faria.
Qual o segredo para chegar aos 106 anos?
Não tem segredo para chegar nessa idade. Acredito que a alimentação ajudou. Antigamente não se tinha tantos produtos industrializados como hoje. Nós mesmos produzíamos o que comíamos. Plantei feijão até meus 97 anos. Também leio os jornais da região todos os dias. Quando tem baile da terceira idade aqui perto, vou também.
Alguma lembrança do passado que te marca até hoje?
A maior lembrança foi quando perdi a filha Cacilda, com 15 anos. Até hoje tenho guardado um vestido que fiz para ela.
 

EZEQUIEL NEITZKE – ezequiel@jornalahora.inf.br

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