Finanças dependem do comportamento

Workshop

Finanças dependem do comportamento

Workshop debateu práticas para aplicar corretamente o dinheiro

Finanças dependem do comportamento

A liberdade financeira e o reflexo da desorganização pessoal no ambiente profissional foram os assuntos debatidos na 6ª edição do Workshop Negócios em Pauta 2019, realizado na sede da Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil). Atentos a importância de educar-se financeiramente, os painelistas abordaram hábitos capazes de garantir o bem-estar econômico pessoal e empresarial.
A falta de planejamento financeiro, segundo a mestre em economia e coordenadora da Comissão de Responsabilidade Social do CRC-RS, Cristiane Souza, é um dos grandes problemas da população brasileira, hoje com 13,2 milhões de pessoas desempregadas. Debater o tema, segundo ela, é importante para que todos aprendam a controlar os gastos e saibam como guardar recursos a fim de driblar, com tranquilidade, os imprevistos. “Conhecer as despesas é o primeiro passo para ter uma vida financeira saudável”, destaca.
O tão sonhado equilíbrio econômico é uma questão de atitude e comportamento, segundo o mestre em administração Sandro Faleiro. Para ele, “as pessoas conhecem o comportamento que devem adotar para se manterem estáveis, mas não o adotam” devido à falta de organização.
Faleiro observou que, assim como existem famílias com baixa renda que conseguem ter casa própria e o carro do ano, há trabalhadores que ganham salários acima da média e não possuem estabilidade. “O equilíbrio financeiro não tem relação com o quanto a gente ganha, mas sim com o quanto gastamos. O desafio é saber como nos comportarmos”.
Cristiane explica que existem fórmulas simples e fáceis para alcançar a estabilidade, que estão diretamente relacionadas a atitude. Mensalmente as pessoas são condicionadas a pagar as despesas para outros, mas não lembram de guardar um percentual da receita para si. É preciso definir um valor, entre 5 e 10% do salário, destinados a futuros investimentos, sejam eles realizar uma viagem, complementar a aposentadoria ou mesmo utilizar como amparo em situações de emergência..
Diretor executivo da Sicredi Integração RS/MG, Luiz Mário Berbigier, ressaltou que educação financeira não é um assunto complicado. Basicamente, se resume a “saber quanto recebemos (receita) e o quanto gastamos (despesa)”. Segundo ele, o segredo está em ter um objetivo e destinar determinado valor a este propósito. “Não importa quanto for, sempre valerá a pena”.
Berbigier destacou ainda que dentro do contexto familiar é importante que todos os membros participem do processo educativo e saibam como estão as finanças da casa. “Não adianta dois trabalharem e três ou quatro gastarem tudo sem ter noção do que realmente entra no ‘caixa’”. Além disso, o diretor enfatizou a importância da persistência, pois alcançar o equilíbrio monetário é ter a capacidade de se manter no foco.

O reflexo econômico no ambiente de trabalho

Todo empresário busca ter bons resultados e para alcançá-los a equipe de trabalho é fundamental. Gerente de finanças e controladoria da Kersia, Raquel Carmen Wong afirma que a situação financeira do funcionário pode sim afetar o desempenho final de uma organização. Por isso, é importante que os gestores consigam perceber a existência de conflitos financeiros dos empregados.
Raquel acredita que para auxiliar o funcionário o departamento financeiro e o setor de recursos humanos são grandes aliados.
“Na empresa, todos os dias, perguntamos às pessoas como elas estão, nos colocamos no lugar do outro e damos abertura para que se chegue a uma conversa sincera”, conta.
Um funcionário preocupado com os problemas financeiros de casa, não terá o mesmo desempenho daquele que consegue manter o equilíbrio todos os meses. Cristiane complementa que existem casos nos quais excelentes profissionais deixam a empresa por não conseguirem se manter. “São pessoas que agregam valor a equipe, mas pedem demissão para receber seus direitos e conseguirem pagar as contas”.
Atualmente, cerca de 17% dos jovens estão endividados. Parte desse resultado se deve ao consumismo exagerado, incentivado pelo mercado. Berbigier atenta que por mais barata que uma peça seja, ela se torna cara quando não tiver utilidade. “Qualquer mercadoria que você comprar, por um real que seja, não tendo utilidade é perigoso e enganador”.

O segredo da educação financeira empresarial

Assim como o bem-estar dos funcionários é fundamental para uma empresa, o conhecimento financeiro por parte dos gestores também é importante. Berbigier conta que ainda hoje o maior erro das organizações é não conseguir manter o fluxo de caixa. “Muitas pessoas não separam as despesas físicas das jurídicas”.
São pequenos e grandes empresários que misturam as contas pessoais com as receitas do ambiente de trabalho. Ainda que os gastos particulares sejam pequenos, o diretor executivo da Sicredi alerta para que tais despesas não interfiram no fluxo de caixa da empresa.
Outro ponto importante é cuidar com os financiamentos e empréstimos solicitados. “Muitas vezes, durante as análises, a gente chega à conclusão que determinado pedido está acima da capacidade produtiva do pedinte e precisamos negar”, relata Berbigier. Todo investimento feito na empresa ou na vida particular tem de estar alinhado a receita, ou seja, o total recebido deve ser o suficiente para pagar a parcela e sobrar.
Para quem quer começar um novo negócio ou mesmo reorganizar sua empresa, Faleiro revela que o plano de negócios é a ferramenta mais completa para o planejamento financeiro. Com ela, é possível saber o objetivo do público, possíveis concorrentes, custos e projeções.
 


 

JÉSSICA R. MALLMANN jessica@jornalahora.inf.br

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