Agressão à sociedade

Editorial

Agressão à sociedade

A morte de dois policiais militares durante confronto com traficantes em Porto Alegre resulta de uma série de erros do próprio Estado. O rastilho de pólvora dessa bomba sobre a Brigada Militar passa pela guerra contra o tráfico, pela ausência…

A morte de dois policiais militares durante confronto com traficantes em Porto Alegre resulta de uma série de erros do próprio Estado. O rastilho de pólvora dessa bomba sobre a Brigada Militar passa pela guerra contra o tráfico, pela ausência de políticas públicas em áreas conflagradas e pelo caos no sistema penitenciário.
Na ponta, sofrimento para colegas de farda, amigos e à família dos soldados Rodrigo da Silva Seixas, 32, e Marcelo de Fraga Feijó, 30. Pelas informações preliminares, o autor dos disparos que mataram os servidores públicos também foi morto no tiroteio.
Trata-se de Cléber Josué da Rosa, 44. Com uma extensa ficha criminal, ele atuaria como “segurança” do ponto de tráfico. O homem estava em condicional, após condenação de 2011 por assassinar o próprio irmão.
De fato, em meio à crise moral pela qual passa o país, é preciso deixar claro: o ataque aos policiais significa uma agressão à sociedade. Neste momento de comoção, deve-se tentar analisar esse fato sobre a luz da razão, ainda que seja difícil.
O poder paralelo do tráfico de drogas testa a força do Estado. Criminosos perderam o medo de ser punidos. Desafiam as autoridades sabendo que nem mesmo nas casas prisionais há controle estatal. As facções mandam dentro das celas. Planejam assassinatos de desafetos e comandam o tráfico de drogas.
O clamor da comunidade por efetivo talvez seja o desejo mais latente, sustentado pela esperança de que isso interfira no ímpeto dos criminosos. Difícil afirmar que com mais soldados seria possível evitar homicídios, latrocínios, mas daria mais tranquilidade aos moradores.
Aliado às dificuldades estruturais, decisões políticas também interferem na segurança dos gaúchos. Neste primeiro semestre de governo Leite, a gestão ainda tateia no escuro para encontrar uma forma de equacionar o déficit financeiro às necessidades básicas da população.
Ao passo em que o sistema penitenciário não garante recuperação dos detentos e nem mesmo segurança à sociedade, aliado aos problemas estruturais das forças de segurança motivados pelos problemas de caixa público e da falta de uma política pública clara para a área, torna-se quase uma utopia os preceitos do Estado Democrático de Direito.
 
 

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