O termômetro marcava perto dos 7°C, mas os alunos do 6° do Ensino Fundamental da Emef Nova Viena não deixaram de ir até o pátio da escola para colocar em funcionamento o biodigestor adquirido pela Secretaria do Meio Ambiente.
Com cadernos e canetas em punho, anotavam as explicações compartilhadas pelo engenheiro de aquicultura, Carlos Emílio Vieira da Silva, que instalou o equipamento na escola.
Segundo o profissional, com o aparelho em atividade, os restos orgânicos produzidos pela escola serão transformados em biogás a ser utilizado na cozinha e fertilizante para a horta. Isso também significa uma tonelada de lixo a menos no aterro sanitário por ano, além da diminuição de seis toneladas de gases do efeito estufa.
As crianças auxiliaram na colocação de biobolas – que servem para a colonização de bactérias – e esterco no biodigestor, que deve demorar de duas a quatro semanas para começar a produzir o biogás pela primeira vez. Entre elas, as alunas Camila Bitdinger Bohrer, 11, Vitória Schossler, 12.
“Eu achei muito interessante aprender isso, porque ajudamos o meio ambiente com a reutilização e não poluímos”, entende Camila. A colega Vitória conta que sempre compartilha com os pais os aprendizados em aula.
Outras escolas municipais também devem receber o projeto.
Além do biodigestor, as crianças já participavam de outras atividades sustentáveis na escola, como um horta, uma composteira e uma cisterna. Toda sexta-feira, os alunos do 6º ano visitam o espaço para plantar novas mudas e limpar a horta que abastece a cozinha da escola.
“É muito legal porque a gente come a hortaliça que plantamos”, conta a aluna Katryne Machado, 12.
A aluna Ana Júlia Guarnieri, 11, entende a importância dos projetos realizados pela escola. “É bom tanto para quem vê de fora quanto para a gente que realiza as atividades. A gente limpa, capina, coloca o adubo. A gente aprende e ensina a família”.
No caminho
A diretora da EMEF Nova Viena, Elisangela Zanatta, explica que a equipe busca transformar a escola em um espaço sustentável já faz anos. Sem grandes mudanças estruturais, para ela, o fundamental é permitir que os alunos incorporem ao cotidiano atitudes voltadas à preservação dos recursos naturais.
“A escola deve trabalhar para que a consciência sustentável formada nos alunos possa chegar até as famílias e outros grupos sociais e ambientes frequentados por estes estudantes”, ressalta a diretora. Este resultado já é colhido nas visitas da escola à comunidade. Muitas famílias mostram a pequena horta no canto de casa.
A coordenadora pedagógica Rosana Theves, ressalta outros trabalhos desenvolvidos com o mesmo viés, como o recolhimento de pilhas, tampinhas, lacres, blister e óleo de cozinha – repassados para a Unimed, Afubra e outras instituições.
A escola também participa da gincana promovida pela Unimed, com o tema “Eu ajudo na lata”, com o recolhimento dos lacres e latinhas cuja venda é revertida na compra de cadeiras de rodas. De acordo com a diretora, para uma cadeira, é necessário 300 garrafas de dois litros.
BIBIANA FALEIRO – bibiana@jornalahora.inf.br
