Em cinco anos, Tecnovates desenvolveu mais de 200 projetos

Entre empresas e a universidade

Em cinco anos, Tecnovates desenvolveu mais de 200 projetos

Parque tecnológico da Univates se consolida no RS e se transforma em um elo do setor privado com o conhecimento da academia. Complexo inaugurado em 2014 tem hoje 56 empresas, entre as residentes e incubadas. Próximo desafio é se transformar em um indutor de transformações sociais

Em cinco anos, Tecnovates desenvolveu mais de 200 projetos

A relação entre o setor privado e as universidades, por muitos anos, foi de distanciamento. O argumento das empresas é que o conhecimento teórico da academia não atendia as necessidades do mercado.
Essa percepção acompanha a produção nacional faz décadas. Na região, surgiram em 1993 os primeiros projetos do Polo de Modernização Tecnológica para ser uma forma de aplicar os conhecimentos da academia no mercado. Essa preocupação ganha força com o início da incubadora da Univates, em 2004, e se fortalece com o Parque tecnológico, o Tecnovates.
O complexo foi inaugurado no dia 26 de junho de 2014. Hoje completa cinco anos e surgiu com a proposta de transformar a Univates em referência nas pesquisas nas áreas de saúde, ambiente e de alimentos, sendo uma ligação entre setores públicos e privados com a universidade.
O prédio possibilita que as empresas usem os laboratórios, profissionais e bolsista da instituição para o desenvolvimento de novos métodos de trabalho, de processos, projetos e produtos.
“O papel do Tecnovates é ser um dos mediadores do que se chama de empreendedorismo inovador. Estabelecer uma interação da academia, da pesquisa, da ciência e do conhecimento, com as necessidades do mercado, das empresas e da própria sociedade”, conta a coordenadora administrativa do parque, Cíntia Agostini.
Ao longo destes cinco anos, diz Cíntia, mais de 100 empresas passaram pelo Tecnovates. Estima-se que mais de 200 projetos tenham sido desenvolvidos neste tempo.
No prédio, hoje estão instaladas 29 empresas residentes. São organizações que trabalham no local, para o desenvolvimento de pesquisas aplicadas. Também há 27 incubadas, negócios em formação, e 18 projetos de pesquisa ativos feitos em parceria com as empresas.
Em comemoração aos cinco anos, o Tecnovates terá hoje uma mesa redonda sobre “Logística e Mobilidade”. O evento ocorre às 18h30min, no auditório do parque tecnológico.

Resultado inesperado

“Quando implantamos um projeto como esse, sabemos como começamos, mas não sabemos onde vai parar. Tínhamos uma perspectiva dessa relação de universidade e empresas, mas hoje estamos em um patamar superior ao que imaginávamos.”
É o que afirma a diretora de Inovação e Sustentabilidade do parque, Simone Stülp. De acordo com ela, pela lotação atual do complexo e pela procura das organizações, há um indicativo da importância do espaço. “A procura de empresas consolidadas do Vale e de outras regiões em busca de inovação e melhorias nos processos faziam parte do nosso planejamento. Só não imaginávamos que em pouco tempo teríamos esses resultados”, diz.
Na avaliação dela, diversos fatores auxiliaram para se alcançar esse patamar. “Passa por um bom projeto para constituir o ambiente de inovação e também o exercício de revisitar o trajeto trilhado e o que esperamos. Sempre pensamos e discutimos para onde o parque está indo, como uma forma de rever posturas e nos realinharmos constantemente.”
Conforme a Rede Gaúcha de Ambientes de Inovação (Reginp), o RS tem hoje 27 incubadoras e 12 parques tecnológicos. Nos Vales, há duas estruturas, a outra fica em Santa Cruz do Sul. A região metropolitana concentra a maioria dos parques. São sete espaços.

Próximos passos

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Tornar o Tecnovates presente também nas inovações sociais. Essa é a próxima etapa, diz Cíntia Agostini. A tecnologia e a inovação são ferramentas indispensáveis para o desenvolvimento ordenado de uma cidade e uma região, acredita.
Tanto que os representantes do complexo atuam em diversas frentes e movimentos na comunidade regional. Um deles é o Pro_Move Lajeado, que estipula ações para incentivar a criatividade e buscar soluções a mazelas da sociedade.
Esse esforço coletivo visa criar um ambiente de inovação, tecnologia e empreendedorismo. “Nossa participação nesses debates tem crescido. Já fizemos eventos técnicos na Suinofest, em Encantado, em Teutônia. Essa será uma constante.”
Para ela, a chamada inovação social traz como conceito a busca dessas soluções para diversos setores da sociedade, seja na periferia ou em locais com maior concentração de renda.
Por meio disso, a ideia de aproximar atores diferentes visa reunir pessoas com funções diversas e trazer como consequência projetos para melhorar a qualidade de vida da população, criar ambientes propícios para o empreendedorismo e desenvolver políticas públicas para incentivar a aplicação de novos conceitos, explica.

Surpresa e confiança

Uma das empresas residentes no parque tecnológico é a cooperativa Languiru. Conforme o presidente, Dirceu Bayer, a decisão de ingressar no quadro ocorreu após uma palestra na CIC de Teutônia.
Na ocasião, a coordenadora Cíntia Agostini apresentou o trabalho e a infraestrutura do Tecnovates. “Fiquei muito impressionado. Se trata de um complexo invejável em termos de tecnologia e também de qualidade dos profissionais. Depois disso, ampliamos as conversas e resolvemos ser parceiros.”
Com a presença da Languiru no parque, se iniciaram pesquisas para o lançamento de novos produtos. “Esse é um diferencial, que nos dá condições de competitividade”, acredita Bayer.
Um dos trabalhos mais importantes são as análises sensoriais. “Nos mostra onde podemos melhorar. São avaliados aspectos como a cor, o paladar, o olfato. Isso ajuda muito e nos dá confiança ao levar os produtos para o mercado.”
Outra empresa presente é a American Nutrients, que atua no ramo químico. A direção visitou o parque e se reuniu com a gestão do complexo. Neste contato, surgiu a parceria.
Segundo a sócia e diretora administrativa, Janara Kettermann, o Tecnovates proporciona competência, credibilidade e inovação para os processos industriais e também à região. “Empreender em parceria faz com que o investidor tenha ferramentas e suporte para desenvolver seu negócio”, frisa.


 

FILIPE FALEIRO – filipe@jornalahora.inf.br

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