“O meu filho nasceu aqui, ele vai se adaptar”

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“O meu filho nasceu aqui, ele vai se adaptar”

Esaie Joseph, 28, é haitiano e vive em Estrela. Chegou sozinho, faz cinco anos. Superou as dificuldades iniciais, fez amigos, casou com um conterrânea e tem um filho brasileiro. No Dia do Imigrante, fala sobre a vida no Brasil e…

“O meu filho nasceu aqui, ele vai se adaptar”

Esaie Joseph, 28, é haitiano e vive em Estrela. Chegou sozinho, faz cinco anos. Superou as dificuldades iniciais, fez amigos, casou com um conterrânea e tem um filho brasileiro. No Dia do Imigrante, fala sobre a vida no Brasil e em Lajeado

Como você veio parar no Brasil?
Eu vim para cá por uma ideia do meu tio, porque passou um terremoto no Haiti que destruiu tudo e a gente precisava trabalhar. No primeiro dia, quando cheguei, foi o dia mais triste da minha vida. Imagina deixar toda a família para trás para conhecer outro país. Chorei muito. Cheguei para fazer compras no mercado e não conseguia falar o que eu estava precisando. Demorei um mês para conseguir falar o básico.
Como as pessoas da região acolhem os imigrantes de hoje?
A maioria trata bem. O mundo inteiro vai ter os bons e os ruins. Você sabe, né? Racismo tem em todo lugar. Não vou dizer que aqui tem muito, mas sofri um pouco. Uma vez trabalhei em uma empresa e conversando com um amigo eu disse que a gente tem direitos. Ele disse: “que direito? Você vem lá do teu país para tirar emprego aqui. Volta lá para tua terra”.
Depois de cinco anos, você se considera adaptado? Criou vínculos?
Sem amigos, eu teria voltado para o Haiti. Quando cheguei, graças a Deus, consegui fazer amizade. Essas pessoas me ajudaram a encontrar trabalho, a falar português. Trabalhei em frigorífico, fábrica de calçados, fumageira. Foi uma amiga que me deu dois meses de aula de português.
O que você sente mais falta do Haiti?
A minha família. Lá no Haiti eu não ia sofrer tanto, porque eu ia ter meu pai do meu lado, o irmão. Quando a gente precisa ajuda, fala só com Deus. E a cultura. Até agora não consigo me adaptar à cultura, as músicas, as comidas, o jeito das pessoas. Quando eu cheguei em uma festa eu pensei: como eu vou dançar? Será que a comida vai ter o mesmo gosto?
Quais teus planos para o futuro?
Tenho um filho aqui no Brasil, o nome dele é Alessandro e ele faz quatro anos em outubro. Ele é filho de dois haitianos e é brasileiro. O meu filho nasceu aqui, ele vai se adaptar. Eu vou também, mas vai demorar um pouquinho. Tenho que conviver um pouco mais para conhecer a cultura de vocês. Vai chegar um dia que, se eu não conseguir trazer minha família, eu vou ter que voltar. Se eu tiver minha mãe e meu pai, eu fico no Brasil até quando Deus quiser. Mas tem que gastar bastante com visto e passaporte, é muito caro.
 

MATHEUS CHAPARINI – matheus@jornalahora.inf.br

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