Ofensiva contra Sérgio Moro é uma clara tentativa de desacreditar a operação Lava-Jato e livrar condenados
Impressionante como no Brasil existe terreno fértil para inverter os papéis. Assim como o lucro virou pecado e o empreendedor ganhou fama de “desonesto”, agora os corruptos tentam transformar o caçador em caça. Até a forma criminosa como acessaram as mensagens privadas do juiz e procuradores parece “aceitável”. Pasmem!
Juristas mais experientes e fora da ativa classificam o que está ocorrendo no Brasil. Me atenho à opinião de um deles, da qual compartilho: Carlos Velloso, ex-presidente do STF, disse não ter dúvidas que, por detrás do vazamento de mensagens privadas de Sérgio Moro com procuradores, existe a tentativa de desacreditar a operação.
Vejamos: agentes públicos e do poder econômico se apropriaram de bilhões de reais de dinheiro do povo. Homens poderosos do poder privado e público estão presos ou processados. “Quem estaria por trás dessa articulação contra Sérgio Moro e a força-tarefa da Lava Jato? É fácil responder. Sem dúvida existe campanha para desacreditar a operação, mediante meios ilegais, ilícitos, como ocorreu”, insiste Velloso.
Para a surpresa, na sabatina do Senado, Moro deu xeque-mate naqueles que querem destruí-lo. Disse não ter apego ao cargo.
Sugeriu que a íntegra das mensagens seja apurada por órgãos sérios e oficiais. Se encontrarem algo, promete deixar a função.
Foi cauteloso e sua fala ecoou o país, dando-lhe, imagino, ainda mais popularidade e apoio que antes. Mas isso não basta.
Desacreditar quem tenta trazer as coisas ao caminho do progresso e da razoabilidade. Usar de todos os meios, inclusive, ilícitos para tentar “plantar” confusão na cabeça dos menos avisados. Eis a estratégia sorrateira, criminosa e permanente de quem esperneia a qualquer custo.
A lamentável situação imposta a Moro me lembra muito bem a do empreendedor brasileiro. O esforço diário e exaustivo para erguer ou mesmo manter uma empresa é destruído pela alta tributação, excesso de burocracia e, por último, pelo julgamento raso da desconfiança.
Um sistema público corporativista ocupado por quem nunca pagou o salário de ninguém – apenas recebe da máquina pública – se enraizou no país. Seja nos departamentos públicos ou na esfera dos cargos eletivos. Há um pensamento nefasto para obstaculizar, dificultar, trancar, desviar ou mesmo denunciar e julgar ao belo prazer, em circunstâncias, às vezes, inacreditáveis.
Ainda que muitos jovens, atualmente, estejam escolhendo empreender ao disputar emprego público, a realidade é dura e arriscada. Precisamos de políticos e de uma máquina pública descente para aplainar o caminho do empreendedorismo que gera emprego e renda. O danoso e cruel sistema brasileiro desestimula quem deseja progredir. Seja empreendedor ou homem da lei anticorrupção, a vida no Brasil é dura para quem deseja trilhar um caminho virtuoso.
Com 10 anos de uma operação histórica e inédita no país para recuperar bilhões de reais aos cofres públicos, alguns pilantras querem transformá-la em “conluio” ou em mal feito. Tentam desacreditar o símbolo da mais bem sucedida investigação que o país já experimentou para, obviamente, escaparem da pena e seguirem com o que tentam atribuir, invertidamente, a Moro: o conluio.
A Itália nos deixa um exemplo desastroso no ataque à corrupção. O grande acordo entre políticos influentes desacreditou juízes, perseguiu procuradores e transformou em pizza os crimes de colarinho branco, a qual foi “servida seletivamente”, regada à novas benesses e corrupções. A má fama dos políticos italianos e o desengano de seu povo são um caminho sem volta, ao menos até aqui.
Espero que nós, os brasileiros, não deixemos isso se repetir.
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