Prender corruptos  agora é crime?

Opinião

Adair Weiss

Adair Weiss

Diretor Executivo do Grupo A Hora

Coluna com visão empreendedora, de posicionamento e questionadora sobre as esferas públicas e privadas.

Prender corruptos agora é crime?

Ofensiva contra Sérgio Moro é uma clara tentativa de desacreditar a operação Lava-Jato e livrar condenados

Ministro Sérgio Moro, durante audiência no Senado, em mais um teste de fogo da oposição

Ministro Sérgio Moro, durante audiência no Senado, em mais um teste de fogo da oposição


Impressionante como no Brasil existe terreno fértil para inverter os papéis. Assim como o lucro virou pecado e o empreendedor ganhou fama de “desonesto”, agora os corruptos tentam transformar o caçador em caça. Até a forma criminosa como acessaram as mensagens privadas do juiz e procuradores parece “aceitável”. Pasmem!
Juristas mais experientes e fora da ativa classificam o que está ocorrendo no Brasil. Me atenho à opinião de um deles, da qual compartilho: Carlos Velloso, ex-presidente do STF, disse não ter dúvidas que, por detrás do vazamento de mensagens privadas de Sérgio Moro com procuradores, existe a tentativa de desacreditar a operação.
Vejamos: agentes públicos e do poder econômico se apropriaram de bilhões de reais de dinheiro do povo. Homens poderosos do poder privado e público estão presos ou processados. “Quem estaria por trás dessa articulação contra Sérgio Moro e a força-tarefa da Lava Jato? É fácil responder. Sem dúvida existe campanha para desacreditar a operação, mediante meios ilegais, ilícitos, como ocorreu”, insiste Velloso.
Para a surpresa, na sabatina do Senado, Moro deu xeque-mate naqueles que querem destruí-lo. Disse não ter apego ao cargo.
Sugeriu que a íntegra das mensagens seja apurada por órgãos sérios e oficiais. Se encontrarem algo, promete deixar a função.
Foi cauteloso e sua fala ecoou o país, dando-lhe, imagino, ainda mais popularidade e apoio que antes. Mas isso não basta.
Desacreditar quem tenta trazer as coisas ao caminho do progresso e da razoabilidade. Usar de todos os meios, inclusive, ilícitos para tentar “plantar” confusão na cabeça dos menos avisados. Eis a estratégia sorrateira, criminosa e permanente de quem esperneia a qualquer custo.
A lamentável situação imposta a Moro me lembra muito bem a do empreendedor brasileiro. O esforço diário e exaustivo para erguer ou mesmo manter uma empresa é destruído pela alta tributação, excesso de burocracia e, por último, pelo julgamento raso da desconfiança.
Um sistema público corporativista ocupado por quem nunca pagou o salário de ninguém – apenas recebe da máquina pública – se enraizou no país. Seja nos departamentos públicos ou na esfera dos cargos eletivos. Há um pensamento nefasto para obstaculizar, dificultar, trancar, desviar ou mesmo denunciar e julgar ao belo prazer, em circunstâncias, às vezes, inacreditáveis.
Ainda que muitos jovens, atualmente, estejam escolhendo empreender ao disputar emprego público, a realidade é dura e arriscada. Precisamos de políticos e de uma máquina pública descente para aplainar o caminho do empreendedorismo que gera emprego e renda. O danoso e cruel sistema brasileiro desestimula quem deseja progredir. Seja empreendedor ou homem da lei anticorrupção, a vida no Brasil é dura para quem deseja trilhar um caminho virtuoso.
Com 10 anos de uma operação histórica e inédita no país para recuperar bilhões de reais aos cofres públicos, alguns pilantras querem transformá-la em “conluio” ou em mal feito. Tentam desacreditar o símbolo da mais bem sucedida investigação que o país já experimentou para, obviamente, escaparem da pena e seguirem com o que tentam atribuir, invertidamente, a Moro: o conluio.
A Itália nos deixa um exemplo desastroso no ataque à corrupção. O grande acordo entre políticos influentes desacreditou juízes, perseguiu procuradores e transformou em pizza os crimes de colarinho branco, a qual foi “servida seletivamente”, regada à novas benesses e corrupções. A má fama dos políticos italianos e o desengano de seu povo são um caminho sem volta, ao menos até aqui.
Espero que nós, os brasileiros, não deixemos isso se repetir.
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