Apaixonada pela arte desde criança, Ires Maria Rotta Brancher levou a sério uma das célebres frases de Leonardo da Vinci: “A lei suprema da arte é a representação do belo”. Exímia admiradora de todos os tipos de pintura, a professora aposentada de desenhos e artes encontrou nas pinceladas na porcelana uma forma de expressar sua bela visão de mundo.
“Por várias décadas percorri o caminho da arte. Muitas foram as pinceladas que me levaram a uma realização pessoal, plena”, afirma. Para ela, mesmo a arte sendo muito familiar a todos, ainda é cheia de surpresas e desafios. A graça, então, fica em mergulhar nesse universo em busca de mais conhecimento e aperfeiçoamento do trabalho. “Um artista não deve parar de buscar, de estudar, de mudar, de aprender”, enfatiza.
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Professora de pintura em porcelana há mais de 30 anos, Ires é sócia da Associação Sul Riograndense de Pintores em Porcelana e da Associação Gaúcha de Pintura Artística. Participou de várias exposições, de locais a internacionais, como no Uruguai, Paraguai, Argentina, Chile e França.
A delicadeza da porcelana
Com a aposentadoria próxima, Ires preocupou-se em preencher o seu tempo escolhendo algum tipo de arte ao qual decidiu de dedicar. “Quando soube que aqui em Lajeado havia uma professora que dava aulas de pintura sobre porcelana, de imediato resolvi me matricular”, relembra. Depois disso, a abertura de seu próprio atelier levou dois anos. “Comecei, então, a ministrar aulas. Passaram por mim dezenas de alunas pelas quais tenho, até hoje, o maior carinho”, expressa.
Aprender ainda é uma das palavras mais usadas no vocabulário de Ires. “São muitas técnicas lindas. Na pintura em porcelana a minha preferida é o uso do ouro sobre relevo, técnica esta que reputo ser a mais difícil e a mais bonita”, revela. Conforme ela, a técnica exige muita dedicação e a paciência, torando as peças em raridades.
Aos poucos, por questões de saúde na família, Ires reduziu o ritmo das aulas e das pinturas. “Continuo pintando, mas em uma escala menor, para pessoas conhecidas e amigas. Dedico meu tempo, hoje, mais ao trabalho voluntário, que também amo fazer”, revela.
Peças preciosas
As porcelanas mais elaboradas são os xodós de Ires, que calcula ter dedicado de quarenta a cinquenta horas de trabalho cada. “Estas não tem preço e ficarão para os herdeiros”, acrescenta.
Rodeada da sua arte, se orgulha e lembra de cada um dos objetos por ela decorados. “Acredito que as pessoas admiram esta arte por serem sensíveis, amantes da natureza, da leveza e do belo”, reflete.
A Pintura em Porcelana, arte que permanece por séculos na história da humanidade, transmite de geração em geração lembranças de pessoas queridas. “É uma arte que está em constante modificação, mas jamais deixa de ser valorizada”, afirma.
Para Ires, saber e poder pintar é um dom divino. “É gratificante e salutar poder, através de tintas e pincéis, representar aquilo que Deus criou e nos deu de presente. A arte em si, a criatividade, o colorido das pinceladas fazem com que o nosso viver seja mais intenso, mais alegre e feliz”, declara.