Mesmo num momento em que a tecnologia norteia boa parte do investimento nas empresas e aquece o consumo pessoal, o bem mais valioso a que temos acesso continua sendo a presença humana e nossas relações. Desde que nos reunimos, enquanto humanidade, nas primeiras lavouras, e deixamos de lado a vida nômade, vimos fortalecendo a reunião de pessoas em torno de ideias e do desejo de uma vida melhor. Mesmo que, periodicamente, tenhamos sido açodados por guerras e confrontos ideológicos, temos levado adiante essa busca por um estilo de vida que nos permita sonhar com um futuro mais ameno e apaziguador.
Logo que cheguei ao Vale do Taquari, há cerca de três anos, um dos alertas que mais me chamou a atenção referiasse à desconfiança do imigrante, a postura reservada diante do novo e um certo individualismo com as relações comerciais e ações conjuntas em prol do todo. Ao contrário, a cada dia me deparo com novas evidências que demonstram um nível de maturidade e integração crescente na região. Quando ouço o presidente do sistema Ocergs/Sescoop-RS, o senhor Vergilio Perius, comentar sobre determinada pesquisa que aponta o Vale do Taquari como uma das regiões mais cooperativas do mundo, se assemelhando a países como o Canadá, me encho de entusiasmo e expectativa, pois a meu ver os conceitos da economia colaborativa tem tudo para ser um dos pilares dos novos mercados que estão em plena fase de germinação.
Segundo o professor W. Czakon, há quatro tipos de relacionamentos no mundo das empresas que se referem à posição de um empreendimento no seu setor de atuação e a necessidade de recursos externos de outra empresa ou entidade. São eles: coexistência, cooperação, competição e coopetição – sendo a coopetição o modelo que nos permitirá atingir objetivos comuns, considerando a complementaridade de recursos e a possível redução de custos em determinadas fases do ciclo de vida dos produtos – sem desconsiderar, naturalmente, as ações individuais com foco numa competição saudável e lucrativa.
Um exemplo recente que endossa o avanço de modelos como esse por aqui é o Trem dos Vales, uma iniciativa da Amturvales apoiada por diversos municípios, que poderá ser um forte propulsor do turismo e da economia para muita gente. Além do trem, há outras, em funcionamento há mais tempo, que, vencendo intempéries econômicas e estruturais, se mantém fiéis ao desejo de transformar o potencial de natureza e cultura regional num grande e promissor negócio.
Aos que vislumbram tal possibilidade de explorar novos territórios mentais e estabelecer parcerias em favor do seu negócio e dos demais parceiros e colaboradores, compartilho algumas questões levantadas pelo escritor e consultor organizacional Joseph A. Michelli:
1) Com quem você mantém parceria para ampliar o número de clientes que poderá atender?
2) Você vê seus parceiros comerciais, como clientes em seu empreendimento?
3) Como a relação com seus parceiros afeta o serviço oferecido aos seus clientes?
Agora, pare e faça uma reflexão sobre como ampliar suas conexões e alcançar melhores resultados, trabalhando em conjunto com seus parceiros e até com os concorrentes. Competir continua sendo fator chave para o sucesso, mas olhar para o trem das coisas que está vindo pode ser uma boa. Embarque nessa!
O TREM DAS COISAS
Vale do Taquari