Ao mesmo tempo em que cresce a adesão e dependência das pessoas em relação aos aplicativos de troca de mensagens, também aumenta a preocupação das autoridades com os golpes cometidos pela internet. Este é um crime que vem ganhando evidência na região nos últimos meses.
Na Delegacia de Polícia de Lajeado, a situação atinge uma média preocupante. “Temos, por semana, de dois a cinco registros de boletins de ocorrência referentes a golpes nas redes sociais. A maioria é feita pelo Whatsapp e diz respeito a clonagens, estelionato e crimes contra idosos”, comenta o delegado Márcio Moreno, que assumiu a titularidade da DP em outubro do ano passado.
O crescimento do número de golpes, conforme o delegado, tem a ver também com o fato de Lajeado ser um dos municípios com maior poder aquisitivo do estado. “É uma situação preocupante. Os criminosos procuram indivíduos com prefixos daqui para tentar fazer negócios fraudulentos”, avalia Moreno.
O alerta é grande principalmente com os grupos de compra, venda e troca nas redes sociais. Esses espaços recebem diariamente uma gama de anúncios, que vão desde pequenos móveis até veículos e terrenos.
“São crimes muito comuns e que cada vez mais nos obrigam a estar atualizados”, diz Moreno. E não há um perfil específico de vítimas. O delegado lembra que inclusive pessoas jovens, que estão mais acostumadas com o uso da internet, cometem pequenos descuidos e sofrem golpes.
“Vou dar um tempo no Whatsapp”
Natural de Lajeado e atualmente residindo em Pelotas, onde é servidor público, Carlos Spohr, 35, levou um susto ao tentar acessar sua conta no Whatsapp na última semana. Ele foi informado de que o aplicativo havia sido instalado em um outro aparelho.
Não demorou muito para as suspeitas se confirmarem. “Obtive relatos de contatos meus que estavam sendo extorquidas por alguém se passando por mim, relatando situação de urgência e pedindo transferências bancárias”, explica. Segundo ele, a conta tinha o endereço de uma cidade da Grande São Paulo, aberta possivelmente com documentos falsos.
Como Spohr logo avisou seus contatos do ocorrido, ninguém caiu no golpe. Entretanto, bloquear o uso indevido do aplicativo lhe causou muita dor de cabeça. “Eu não tinha ativado a verificação em duas etapas e o sujeito o fez, de modo que só ele passou a ter o código usado nessa verificação”, comenta ele, que decidiu dar um tempo no Whatsapp. “Vou me valer de outros aplicativos, como o Messenger, SMS ou a boa e velha chamada de voz”.
Investigação dificultada
Em Estrela, de acordo com o delegado Juliano Stobbe, houve um acréscimo no registro de ocorrências nos últimos dois meses.
“É uma prática que se tornou cada vez mais comum, na medida em que as comunicações se tornam impessoais, onde não se tem contato com o comprador. É um crime de estelionato”, afirma.
Como os criminosos utilizam números de terceiros para agir, a investigação é dificultada, segundo o delegado. “Geralmente o falsário está usando o nome de uma pessoa totalmente desconhecida, de fora da região”, alerta. A mesma tática é utilizada quando ocorre a transferência de valores, pois o dinheiro cai em contas bancárias de desconhecidos.
Também chama a atenção da Polícia a ousadia dos criminosos para aplicar golpes pelo aplicativo. “Cada vez mais a criatividade dos fraudadores aumenta. São casos muito semelhantes com situações normais, como a venda de um produto num site”, avalia Stobbe, destacando a importância de verificar a veracidade das mensagens e da pessoa antes de consumar um negócio.
MATEUS SOUZA – mateus@jornalahora.inf.br