“Deixamos de comprar  carne para pagar a ração”

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“Deixamos de comprar carne para pagar a ração”

No aniversário de 44 anos, Clair Naeher pediu ração em vez de presentes. A moradora de Lajeado abriga 40 cachorros e gatos na residência do bairro Conventos e destaca os desafios de quem escolhe se tornar um protetor independente  …

“Deixamos de comprar  carne para pagar a ração”

No aniversário de 44 anos, Clair Naeher pediu ração em vez de presentes. A moradora de Lajeado abriga 40 cachorros e gatos na residência do bairro Conventos e destaca os desafios de quem escolhe se tornar um protetor independente

 
Desde quando você abriga animais de rua?
Desde que me conheço por gente, eu achava um cão ou gato na rua e levava para casa. Eu ia pro colégio e dificilmente voltava sem um animal de baixo do braço. Minha mãe enlouquecia. Com 19 anos, conheci o meu marido (Flademir de Lara) e a gente começou a fazer esses resgates e doações. Hoje, estamos com 40 animais, mas já chegamos a ter 50.
 
É difícil conseguir novos lares para os cachorros abandonados?
Existe um preconceito contra a idade e raça. Se o cachorro tem raça e é filhote, há centenas de pessoas que querem. Se é vira-lata e com mais idade, não há interessados. Então acabam ficando e por isso temos a quantidade que temos.
 
Como é conviver com 40 animais na mesma casa?
É uma luta diária. Assumimos esse compromisso e sabemos que não temos férias e não podemos fazer viagens. Se saímos, é na corrida, pois qualquer movimentação estranha, os cães ouvem e latem. Daí tem também os gastos. Só de alimentação, temos custo mensal de R$ 800. Temos ajuda, mas é pouca. Se alguém tiver interesse pode contatar pelo (51) 98038-6980.
 
Vocês deixam de investir em algo pessoal pelos animais?
Sim. Tem meses que precisamos ir pro centro e não temos uma gota de combustível no carro. Às vezes deixamos de comprar carne para pagar a ração.
 
O que as pessoas próximas falam dessas ações?
Acham que somos pessoas corajosas, até um certo ponto, pois não é todo mundo que tem essa atitude. A gente deixa de viver a nossa vida para viver a vida deles. Nós vemos tanta situação de abandono e não temos a capacidade de virar as costas e ir embora. Não consigo dormir depois de ver um bicho passando fome.
 
Qual sua opinião sobre o comércio de animais de estimação?
Sou totalmente contra. Se as pessoas soubessem o sofrimento que as matrizes passam, seria diferente. Cada cio é uma ninhada de filhotes para que o tutor consiga ter renda e lucro. Daí a pessoa olha o filhote e é a coisa mais linda. Mas se fosse ver a mãe, elas estão presas em gaiolas sem condições e alimentos. Fizemos resgates desse tipo. É muito triste.
 

FÁBIO KUHN – fabiokuhn@jornalahora.inf.br

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