Natural de Lajeado, Saulo Roberto de Vargas, 35, atua no Centro de Comunicação Social da Força Aérea (FAB) como Relações Públicas. Começou a formação na Univates antes de se transferir para a Universidade Federal do Paraná, em Curitiba. Do convívio no Vale do Taquari à carreira militar, leva a educação, o respeito e a disciplina como meios de se atingir os objetivos
Como ingressou na FAB?
Estudava na Univates e percebi que havia pouco mercado para um profissional de Relações Públicas na região. A partir disso, me mudei para Curitiba. Fiz uma prova para entrar na federal e passei. Comecei a trabalhar, fiz estágios em empresas multinacionais e descobri o concurso para entrar na Aeronáutica. Comecei a me preparar e fui aprovado em 2011. No ano seguinte, fui chamado. Fiz o curso de três meses em Belo Horizonte para me tornar militar. Depois fui designado para o Centro de Comunicação Social, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
Ao longo desses anos na FAB, quais episódios mais difíceis pelos quais passou?
Havia um oficial general, hoje na reserva, natural de Estrela. Acho que foi em 2013. Fizemos uma missão para buscar a mãe de um índio que estava em Brasília. Era uma criança de uns três anos e que estava se tratando de um câncer. Chegou o Natal, e pensamos em buscar ela para ficar com o filho.
Fomos até o pé do monte Roraima, no extremo norte do país. O oficial sabia da história. Fomos lá, para fazer um vídeo. Trouxemos ela para Brasília, fizemos o reencontro, gravamos, tudo quase pronto. No dia seguinte, a criança morreu. Conheci a mãe, o pai e a criança. Foi muito complicado tanto profissionalmente, como também na minha vida.
E o contrário. O que marcou positivamente?
Há muitos momentos. Um que mexeu bastante comigo ocorreu agora em maio. Fizemos um vôo com o irmão do Airton Senna. O episódio marcou os 30 anos do vôo do piloto em um caça da FAB. Fizemos uma retrospectiva. Foi uma homenagem marcante a um herói nacional. Pintamos o caça com as cores do capacete do Senna.
Quais os principais aprendizados que teve na vida militar? Como era o Saulo antes da FAB e como é agora?
No Militarismo, os dois pilares são disciplina e hierarquia. Vivemos situações que precisamos ser ágeis para atender as demandas. Fiquei de frente a fatos que me fizeram crescer e alcançar um nível profissional que talvez não alcançaria. Descobri que posso superar os meus limites. Tive oportunidades de conhecer o Brasil e até outros países.
Quanto a como eu era, levo Lajeado comigo. Os ensinamentos dos meus pais, o convívio com meus amigos e demais familiares. Toda essa experiência me ajudou a chegar onde estou. Isso me fortaleceu na vida militar.
FILIPE FALEIRO – filipe@jornalahora.inf.br