“Pessoa igual a ele eu nunca vou encontrar. Me completava em tudo. Em carinho, me ajudava em casa. Tenho só lembranças boas dele”. Michele Terezinha Zang era casada com José Cláudio Hoffmann, conhecido entre os amigos por Zeca. Uma história de amor e companheirismo que foi interrompida de maneira brutal no dia 14 de junho do ano passado, quando um tiro na cabeça matou o contador, na frente da própria casa.
O crime chocou Santa Clara do Sul pela maneira como ocorreu, já que Zeca foi morto na frente das filhas. Também pelo fato da vítima se tratar de uma pessoa bastante conhecida na cidade, prestando serviços de contabilidade para diversos clientes e com um forte envolvimento comunitário.
Enquanto a Polícia Civil segue com a investigação do crime, familiares e amigos se dividem entre recordar os bons momentos do convívio com Zeca e o desejo por justiça. Neste domingo, 16, será rezada uma missa de um ano de falecimento do contador, às 8h30min, na Igreja São Francisco Xavier.
O convívio e a ausência
Michele se emociona quando lembra da rotina com Zeca. Os dois estavam juntos há três anos e tinham uma relação que se baseava também na parceria e no diálogo. Gostavam de viajar e sair em família aos fins de semana. Ele tinha outras três filhas, fruto do primeiro casamento, e havia conseguido a guarda delas.
A única filha do casal, que completa dois anos no próximo dia 21, sente muito a ausência. Segundo Michele, a pequena Anabelle por muito tempo chamava pelo pai. “Há pouco tempo ela começou a falar “mamãe”. E pelos quadros, ela reconhece certinho o pai, as manas. Isso é muito bonito também. Mas daqui uns dois anos, automaticamente vai me perguntar porque o pai dela não vem”, disse.
Michele deixou a residência onde morava com o marido. Diz que não consegue passar em frente ao local sem lembrar da cena que se deparou ao abrir a porta naquela noite de 14 de junho.
Reaproximação interrompida
Michele conta que, com a ajuda da cunhada, conseguiu fazer com que Zeca e o pai dele se reaproximassem. Os dois tinham desavenças antigas que afetavam a relação familiar, mas que foi superada antes dele morrer.
Entre os amigos, Zeca também era bastante querido. Um dos hobbys favoritos do contador era o futebol. “Ele jogava todas as quartas-feiras, disputava um Gre-Nal com os amigos. Ele se divertia bastante, pois era um momento de lazer e distração”, lembra Michele.
Investigação sob sigilo
Em outubro do ano passado, o delegado Márcio Moreno assumiu a investigação do caso, quando passou a atuar na delegacia de Lajeado. Questionado sobre o andamento dos trabalhos, diz que várias diligências foram realizadas, mas a grande maioria delas são mantidas em sigilo.
“Só podemos tecer considerações quando for concluído e encaminhado o inquérito. Esse e outros homicídios de 2018 e 2019 continuam sendo prioridades para nós. A meta é remeter ao Judiciário todos eles até o final do ano, com pelo menos uma suspeita da prática de todos os crimes contra a vida”, salienta.
O processo demorado, porém, preocupa Michele. “Os dias passam e não temos retorno. Tem momentos que tenho aquele pressentimento de que eles sabem algo a mais, mas não podem contar porque pode afetar as investigações”, comenta.
MATEUS SOUZA – mateus@jornalahora.inf.br