O uso de simuladores para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) deixará de ser obrigatório. O anúncio foi feito pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, durante reunião do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que aprovou a medida na quinta-feira.
A implementação deve ocorrer em até 90 dias, de acordo com o Contran, e poderá reduzir em até 14% o valor da CNH, pois as cinco aulas do simulador custam hoje R$ 315. Contudo, aspirantes a condutores que já estão em processo de obtenção da primeira habilitação ainda terão que cumprir as horas obrigatórias.
Além disso, o total de horas de aulas práticas para obtenção da CNH na categoria B (apenas carros de passeio) passará a ser de 20 horas. Se o aspirante a condutor desejar utilizar o simulador, terá que cumprir cinco horas no equipamento e as outras 15 no veículo.
A principal justificativa, segundo o ministro, é de que o simulador não apresenta uma eficácia comprovada. Além disso, aponta que, em outros países do mundo com bons índices de segurança no trânsito, o seu uso não é obrigatório.
“Os CFCs não foram ouvidos na época”
Proprietário de um CFC no Centro de Lajeado, Cesar Schardong lembra que o simulador foi implementado com a aura de “revolução tecnológica”, mas, na sua opinião, não apresentou resultado prático em cinco anos de utilização. “Na época foi muito complicado, pois nos deram apenas um mês para implantar. Nessas questões, os CFCs nunca são ouvidos”, recorda.
Para adquirir o equipamento, os CFCs investiram em torno de R$ 40 mil. Muitos tiveram que efetuar reformas nos prédios para adaptar uma sala específica. “Diferente das aulas práticas, não tem como o instrutor parar a aula e comentar com o aluno onde ele errou. Ele é mais um acompanhante do que um instrutor. São bloqueios colocados pelo Denatran que inviabilizam um trabalho pedagógico mais profundo”, comenta Schardong.
O fim da obrigatoriedade dos simuladores, para Schardong, vai deixar o equipamento inutilizado, devido ao seu alto custo dentro do valor que é pago para obtenção da CNH. “Não sendo obrigatório, ninguém vai querer usar”, acredita.
Cinco anos em vigor no RS
A obrigatoriedade do simulador foi aprovada por meio de uma resolução do Contran, em 2012. Mas só entrou em vigor no país em 2016. No Rio Grande do Sul, entretanto, o Detran-RS exigiu que o curso fosse incluído no processo para obtenção da CNH já em 2014.
O Detran-RS ainda não emitiu posição definitiva sobre o fim da obrigatoriedade. O diretor-presidente Ênio Bacci, em entrevista recente ao A Hora, disse apoiar a medida.
MATEUS SOUZA – mateus@jornalahora.inf.br