A precariedade dos serviços de internet e telefonia no Vale do Taquari foi tema de reunião ontem, em Porto Alegre, na sede do Procon-RS. Solicitada pela Amvat, a atividade teve a presença de representantes de quatro operadoras, Anatel e Ministério Público.
A comitiva regional foi formada por integrantes de pelo menos 15 governos municipais. Cada um dos municípios representados protocolou um relatório individual, com as demandas pontuais acerca dos problemas enfrentados em relação aos sinais de telefone fixo, celular e internet.
Após um amplo debate sobre as legislações que regulamentam o setor, atuação das empresas e as principais carências regionais na área de telecomunicações, o Procon-RS notificou as operadoras Claro, Vivo, Oi e Tim e determinou dez dias para a apresentação de diagnósticos específicos sobre a situação de cobertura em cada uma das cidades do Vale.
Devem constar dados sobre a abrangências das operadoras, planos ofertados, pontos de venda de chips, linhas telefônicas, bem como melhorias previstas aos serviços e suas respectivas prazos para implementação.
Após o prazo, as informações prestadas serão analisadas pela entidade em defesa dos consumidores, Amvat, MP e Anatel, para verificar o cumprimento das exigências regulatórias, problemas a serem solucionados e necessidades de investimentos.
Reivindicações ganham corpo
Para o presidente da Amvat e prefeito de Teutônia, Jonatan Brönstrup, a reunião foi positiva e mostrou a importância da união de esforços entre os prefeitos, Procon e Ministério Público para buscar soluções. “Nosso maior desafio era justamente sermos ouvidos pelas operadoras. De forma individual isso é difícil. Com esse grupo que se formou, as reivindicações ganham corpo”, salienta.
Embora não se tenha um avanço imediato a ser comemorado, Brönstrup lembra da cobrança feita à RGE em março, que resultou em um plano de ações concretas para o Vale, e espera uma saída semelhante com os diagnósticos que serão feitos pelas operadoras e apresentados ao Procon.
“Não podemos esperar mais. Relatamos a avaliação da pesquisa feita com usuários, mostrando que o serviço é muito ruim, principalmente o sinal no interior. As telecomunicações, assim como a energia, são pilares para o desenvolvimento. Cada vez mais as propriedades agrícolas estão se modernizando e precisam de condições adequadas para investir”, cita.
Papel relevante
Embora todas as cidades do Vale enfrentem dificuldades no setor de telecomunicações, o caso de Imigrante é um dos mais graves. Conforme o prefeito Celso Kaplan, o município é atendido apenas por uma empresa – a Tim – e a cobertura alcança apenas 30% do território municipal. Para ele, o encontro foi importante para alinhar as necessidades locais e propiciar uma aproximação com quem presta os serviços.
“Dependemos muito das telecomunicações. Nossos empreendimentos necessitam diariamente desses serviços. Isso gera perda de recursos para município, empresas e pessoas”, comenta Kaplan. O prefeito lembra que a região luta por melhorias na área pelo menos desde 2014, quando o Codevat realizou o primeiro estudo sobre o tema.
Pesquisa comprova insatisfação
Em abril, pesquisa promovida pelo Codevat demonstrou grande insatisfação dos entrevistados em relação aos serviços de internet, telefonia móvel e telefonia fixa no Vale do Taquari. Para 47% dos clientes, o sinal na região é ruim ou péssimo.
Cerca de 31% consideraram o serviço regular. O estudo também gerou dados sobre telefonia fixa. A maioria das cidades do Vale é atendida pela empresa OI (73,7%). Na pesquisa, 50% dos respondentes indicaram que este serviço “não está disponível em todo o município”. Já em relação à telefonia móvel, as operadoras mais utilizadas no Vale, segundo os respondentes, são a Vivo, Claro, Tim e Oi. Assim como na fixa, a insatisfação é alta.
ALEXANDRE MIORIM – alexandre@jornalahora.inf.br
COLABORAÇÃO – Mateus Souza – mateus@jornalahora.inf.br