“Esses cães são meus filhos amados”

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“Esses cães são meus filhos amados”

Daniel Eduardo Reckziegel, 56, é visto por Lajeado em sua cadeira de rodas motorizada, acompanhado por dois cachorros. Ele foi motorista de ônibus até os 30 anos, quando descobriu um angioma no cerebelo. Hoje, mesmo com as limitações, o que…

“Esses cães são meus filhos amados”

Daniel Eduardo Reckziegel, 56, é visto por Lajeado em sua cadeira de rodas motorizada, acompanhado por dois cachorros. Ele foi motorista de ônibus até os 30 anos, quando descobriu um angioma no cerebelo. Hoje, mesmo com as limitações, o que mais gosta é viajar e fazer amigos por onde passa

Quando chegou a Lajeado?
Nasci em Venâncio Aires, mas já moro aqui faz 50 anos. Vim com os meus pais. A Auto Viação de Estrela era do meu pai. Minha mãe e eu ainda somos sócios. Com 18 anos, fui para o quartel. Eu queria servir, mas tive problemas de saúde. Então comecei a faculdade de administração. Eu era motorista de ônibus na empresa. Gostava do que eu fazia e não gostava da administração, então não terminei o curso.
 
Quando descobriu o angioma?
Eu era motorista quando descobri. Ia fazer 31 anos. O angioma é tipo um tumor. Eu perdi a voz, o equilíbrio, a audição. Fiquei dois anos sem falar nada. Fiz fisioterapia por 5 anos. Hoje eu recuperei algumas coisas. Ando em uma cadeira de rodas, mas consigo caminhar com a ajuda de corrimões. O bom de tudo é ter uma família engajada na cura. Se estou bem hoje, é por causa dos meus pais e dos meus três irmãos. O meu pai batalhou muito por mim. Até choro quando falo. Meu sonho é ser pai.
 
Como foi a adaptação depois do problema de saúde?
Foi difícil. Porque eu tinha carro, moto, uma vida social ativa. Foi difícil ter que ficar em casa. As pessoas também não respeitam muito um deficiente. Hoje eu falo meio mal, mas consigo falar. Eu gostava muito de dirigir, ser motorista. Por isso ainda gosto de estar na rua, de conhecer novos lugares. Hoje moro com a minha mãe.
 
O que você mais gosta de fazer?
Não posso trabalhar, não posso fazer muita coisa, então gosto de passear. Ando por tudo. As pessoas já me conhecem. Até na praia onde temos casa as pessoas já me conhecem. Gosto da rua, de fazer amigos e de viajar. Quando eu tinha 40 e poucos anos eu fui para Portugal, na Europa, com uma amiga. Tenho um compadre que mora lá. Ficamos na casa dele. Conheci alguns lugares. O que achei curioso é que lá alguns portugueses têm medo do Brasil.
 
Como é o nome dos seus cachorros?
É o Frederico e o Guilherme. O Fred está comigo faz 9 anos, é meu companheiro. O Guilherme tem 7 anos. Era do meu pai, e quando ele morreu eu adotei. Estão sempre comigo. Esses cães são meus filhos amados. Saímos muito para passear na rua. Eu tenho muita história.
 

BIBIANA FALEIRO – bibiana@jornalahora.inf.br

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