Lajeado se permite a sair do “lugar comum”

Opinião

Fernando Weiss

Fernando Weiss

Diretor editorial e de produtos

Coluna aborda política e cotidiano sob um olhar crítico e abrangente

Lajeado se permite a sair do “lugar comum”

Não tenho – nem haveria de ter – procuração para escrever a favor do prefeito Marcelo Caumo ou de qualquer outro que seja. Ainda assim, duas iniciativas apresentadas pelo atual governo de Lajeado merecem um reconhecimento para além da trivialidade.
 
Os projetos Pro_Move e o Pacto pela Paz são fermento para colocar a cidade em outro patamar de desenvolvimento e convivência. Reconhecer a relevância dos dois programas não é puxa-saquismo nem ideologismo. No mundo do compartilhamento, impactado pelas novas tecnologias, as cidades são desafiadas a encontrar soluções novas para problemas antigos. Lajeado, por meio das duas iniciativas, dá um passo à frente. Talvez um salto.
 
O Pro-Move já é de conhecimento geral e tem capacidade de conectar Lajeado com o que há de mais contemporâneo no mundo do empreendedorismo e da inovação tecnológica. Ao se abrir e estimular este novo ecossistema de desenvolvimento, o governo cumpre seu papel de agente facilitador e transfere para a iniciativa privada e a sociedade civil o protagonismo que não pode ficar limitado a quatro paredes da prefeitura.
 
O Pacto pela Paz, lançado oficialmente nessa segunda-feira, dia 10, incita uma nova cultura no combate à violência em Lajeado. Adota a prevenção como o mantra e, a partir dela, derivam ações que impactam – ou ao menos deverão – a vida de todos os cidadãos. O programa liderado pelo Instituto Cidade Segura sai do enxugamento do gelo no combate à criminalidade para um plano maior, estratégico e inteligente. O nós e o eles, expressão fatal que enaltece a diferença social gritante em Lajeado, precisará ser substituído por um plano de inclusão e de trabalho social no qual cada um de nós tem um papel a cumprir.
 
“Se você não sabe o que fazer ou onde começar, vá até a escola (especialmente as públicas) mais próxima e veja o quanto professores, alunos e pais estão precisando de ajuda”. A frase foi do promotor Sérgio Diefenbach, durante discurso que arrepiou os presentes no teatro da Sicredi. O recado do promotor foi certeiro e traduz com profundidade a mudança de cultura que este novo ciclo incita.
 

Os programas e a reeleição

O prefeito Marcelo Caumo prometeu, em 2016, não concorrer a reeleição. Registrou em cartório, inclusive. Há pouco, mais de um ano para a nova corrida eleitoral, Caumo já é declaradamente candidato. Ou seja, descumprirá a promessa. E, sobre isso, deverá se explicar. E bem.
 
Pois bem, parte desta explicação que está por vir estará ancorada nos dois programas citados acima. Líderes do Partido Progressista condicionam nestas duas ações argumentos para emplacar a corrida à reeleição de Caumo, com a justificativa de que precisa concluir estes ciclos que iniciou. Se esse discurso emplacar, só o tempo dirá.
 

“Não adianta encher morcilha”

Ontem pela manhã fui interpelado por um dono de uma loja da Júlio de Castilhos. Ao ver nas páginas do A Hora a reportagem sobre o anúncio do Pacto pela Paz, exclamou. “Muito bonito tudo isso, mas iluminação pública que funcione também é segurança. Não adianta encher morcilha e não atender os serviços básicos”.
 
Não sei se uma coisa tem a ver necessariamente com a outra, mas faz tempo que correm reclamações sobre o excesso de lâmpadas queimadas pela cidade. O desafio é este: tocar em frente o Pacto pela Paz e o Pro_Move sem descuidar-se dos serviços básicos. Mãos à obra.
 

Contrassenso

Em Westfália, o prefeito está ansioso para construir uma nova ponte sobre o Arroio Boa Vista, na divisa com o município de Teutônia. A atual é precária e representa perigo permanente. Após alinhar formato de construção com o governo da cidade vizinha, buscou liberação ambiental para a obra.
 
Eis que a Fepam exige pelo menos 16 laudos e análises para conceder a liberação ambiental da ponte. Pede, entre outros absurdos, autorização da Funai. “Pelo que calculamos, a liberação ambiental custará mais cara do que o projeto”, reclama o prefeito Otávio Landmeier.
 

Novela mexicana

Entre idas e vindas e com um número recorde de emendas (algumas muito questionáveis), os vereadores aprovaram no fim do dia de ontem o projeto que autoriza o governo municipal a fazer um processo licitatório para o transporte coletivo de Lajeado. Faz tempo, não vejo tanto interesse por parte dos vereadores sobre um assunto, o que é positivo diante da função do Poder Legislativo.
 
Ainda assim, seria prudente que numa próxima não deixem tudo para a última hora. A “muvuca” criada em torno do projeto nas últimas semanas poderia ter sido evitada caso atuassem de forma antecipada. Fica a dica.

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