“O delegado me perguntou várias vezes o que fiz com o corpo, mas pelos meus filhos não vou falar, vou deixar a polícia investigar, usar os meios que tem para descobrir”. Essa frase é atribuída a Carlos Patussi, réu por homicídio qualificado e ocultação de cadáver do bancário Jacir Potrich.
A suposta confissão teria sido feita ao escrivão Ronaldo Fantinell em 23 de janeiro, enquanto Patussi era levado de Capão da Canoa até o Presídio Estadual de Encantado. O dentista de Anta Gorda havia sido preso preventivamente por suposto assassinato. “Foi como está na certidão. Estávamos chegando ao presídio e ele falou isso. Comentei com o delegado (Guilherme Pacífico) e ele pediu para certificar”, resume Fantinell, que atua na Delegacia de Tapera faz 11 anos. O relato foi registrado em uma certidão assinada pelo escrivão. O documento integra o processo investigatório.
Embora não tenha sido uma confissão judicial e detalhada, o promotor de Encantado, André Prediger, destaca a relevância da declaração de Patussi e justifica sua inclusão nos autos do processo. “Não vejo motivos para o servidor púbico inventar isso. Como não temos o corpo, tudo que conseguimos anexar no processo tem valor”, defende.
O processo segue sob análise da juíza Jacqueline Bervian, da 1ª Vara de Justiça de Encantado. No último despacho, em 20 de maio, a magistrada manteve a denúncia do Ministério Público (MP) por homicídio qualificado, mas excluiu os qualificadoras de ataque surpresa e métodos cruéis da ação penal alegando falta de provas. O próximo passo da Justiça deverá ser o agendamento das audiências para oitiva das testemunhas de acusação e defesa.
Defesa minimiza documento
Paulo Olímpio, advogado de defesa do réu, não teve acesso à certidão, porém adianta que, nos depoimentos perante autoridades policiais, Patussi negou “veementemente qualquer participação no desaparecimento de Potrich”.
O advogado voltou a afirmar que “não se sabe se Potrich está vivo ou morto” em função da inexistência de corpo e minimizou a suposta declaração de Patussi dada em janeiro. “É um diz que me diz. Na falta de provas para acusar um inocente, está se criando elementos para culpá-lo”, conclui.
FÁBIO KUHN – fabiokuhn@jornalahora.inf.br