“Foram os piores 20 minutos da minha vida”

Estrela

“Foram os piores 20 minutos da minha vida”

Sequência de crimes assusta moradores da Linha Novo Paraíso. Foram três ataques em quatro dias

“Foram os piores 20 minutos da minha vida”

“Ela tentou levantar, já veio a pistola na minha cabeça e um deles disse: ‘tenta levantar de novo e aí o teu marido é morto’”. Assim, um morador de 58 anos da Linha Novo Paraíso começa o relato dos momentos de terror vividos dentro da própria casa na noite desse domingo.
 
Por voltas das 23h30, a esposa acordou com um estouro. Ela acreditou que pudesse ser uma explosão. Os criminosos arrombaram a porta dos fundos com um chute. “Quando levantei da cama, um deles já estava na porta do quarto com uma pistola apontada para mim”, recorda a mulher, de 57 anos.
 
O casal foi amarrado no chão do quarto. De início, o homem tentou reagir. Foi agredido com um soco na nuca e diversos chutes nas costas. “Soco, pontapé, desaforo. Pisaram por cima de nós”, recorda. Eram seis, cinco armados com pistolas e outro com uma espingarda de cano duplo e colete à prova de balas.  Dinheiro e arma, eles pediam. “Véio, se tu tiver uma arma, eu vou furar a tua perna”, ameaçou um dos criminosos, aparentemente um menor de idade.
 
Em vinte minutos, os assaltantes reviraram a casa, roubaram um aparelho de televisão, um rádio, roupas, calçados e o dinheiro que o casal guardava para pagar contas na segunda-feira. A aposentadoria dele. O salário dela. Até mesmo um pacote de balas de menta foi roubado. O celular foi quebrado. O bando fugiu levando o carro das vítimas, um Fiat Idea vermelho ano 2012. Na fuga, ainda arrombaram o portão da garagem.
 
O casal não esconde o trauma. Uma moto ou carro que passe devagar em frente à casa já desperta nervosismo. Depois do ocorrido, o casal vai reforçar a segurança da casa. O homem, que vive em Novo paraíso desde os dois anos de idade pensa até em deixar o local e se mudar para a cidade. “A gente sempre achou que no interior era mais seguro, mas daí acontece uma coisa dessa. Foram os piores 20 minutos da minha vida. Nunca vou esquecer.”
 

08_AHORADelegado garante prioridade

O assalto sofrido pelo casal foi o terceiro crime registrado em quatro dias na localidade. O nível de informação dos criminosos em relação à rotina dos moradores leva a polícia a desconfiar que a quadrilha tenha algum integrante morando nas proximidades.
 
“Infelizmente são fatos cíclicos. Volta e meia tem alguém solto que é da redondeza e sabe dos horários em que as casas estão vazias ou as pessoas, vulneráveis”, afirma o delegado de Estrela, Juliano Stobbe.
 
Os bandidos foram direto ao quarto em que o casal dormia justamente quando eles tinham uma quantia em dinheiro em no local. Nos outros casos, ocorridos na quinta-feira e no sábado, os criminosos também pareciam saber quando chegar. “São fatos bem preocupantes que a delegacia a tomar o local como prioridade neste momento”, garante Stobbe.
 

“Não se contentaram e levaram até Um porquinho”

Para Egon José Caye, a segunda-feira foi dedicada a contabilizar os prejuízos e trocar as fechaduras do quiosque do seu sítio, depois de uma noite mal dormida com as portas abertas. Ao chegar à propriedade na noite de domingo, Caye percebeu as portas arrombadas e a falta de objetos.
“Geralmente a gente dorme lá no sábado. Como estava chovendo, decidimos não ficar. Domingo de manhã fomos lá para fazer um almoço. Quando chegamos, vimos as portas arrombadas.”
 
Do local, foram roubados uma geladeira duplex, microondas, chaleira elétrica, botijão de gás e utensílios de cozinha. O prejuízo passa de R$ 3 mil. Até as panelas de ferro do enxoval da esposa foram roubadas. “Escolheram a dedo o que queriam. Não se contentaram e levaram um porquinho embora.”
 
Os criminosos agiram por volta das 21h. Vizinhos ouviram o barulho dos porcos, mas acreditaram que pudesse ser o dono da casa tratando os animais, como faz diariamente. A criminalidade não fazia parte da realidade de Caye, nascido e criado na localidade. “Nunca sumiu uma laranja ou um pé de aipim”, afirma.
 

MATHEUS CHAPARINI – matheus@jornalahora.inf.br

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