Líder de verdade não comanda. Influencia.

Opinião

Adair Weiss

Adair Weiss

Diretor Executivo do Grupo A Hora

Coluna com visão empreendedora, de posicionamento e questionadora sobre as esferas públicas e privadas.

Líder de verdade não comanda. Influencia.

Espantar os medos, entusiasmar e se comprometer. Os chefes já eram. O momento é da empatia e humildade para reaprender o tempo todo.

 
O congresso do instituto Dale Carnegie, em Gramado – ILA 2019 – reúne quase mil diretores e gerentes executivos, desde ontem. Há dois anos, ocorreu em Curitiba, quando o colega Fernando Weiss apresentou o case do Grupo A Hora, muito influenciado pela doutrina carnegiana, existente há 107 anos e atuante em 80 países.
 
O evento termina neste sábado. Entre as atrações de hoje, a palestra do diretor executivo da Dale Carnegie, em MT, MS e AM, Cesar Kaghofer. Para quem não lembra, Kaghofer foi o precursor dos treinamentos Dale Carnegie no Vale do Taquari, faz quase duas décadas. Foi numa época em que o assunto “relações humanas” ainda engatinhava na maioria das empresas em Lajeado e região.
 
Eu trabalhava na Rádio Independente, mas ensaiava a formatação do jornal A Hora, apesar da minha total falta de habilidade para gerir pessoas.
Nunca esqueço de uma frase valiosa do Cesar, por ocasião do encerramento do meu curso: “Nunca se afaste do aprendizado das relações humanas, pois usarás isso para sempre”.
 

Guilherme Amaral alertou para os caminhos perigosos utilizados pelos líderes. O único caminho verdadeiro não é o da coação nem da corrupção

Guilherme Amaral alertou para os caminhos perigosos utilizados pelos
líderes. O único caminho verdadeiro não é o da coação nem da corrupção


 
Passados quase 20 anos, confirmo o valor de suas simples e sábias palavras. Ontem, no primeiro dia do ILA, a manhã foi de um valor imensurável. Além de confirmar princípios, consolidar pensamentos, aprimorar práticas e comportamentos, os palestrantes ensinaram a importância da humildade, do serviço e do amor que deve acompanhar um líder.
 
O americano Joe Hart, CEO do instituto, abriu o evento e destacou o poder da auto-liderança. Qualquer um, antes de tudo deve se conhecer. Para ser líder – seja pai, mãe, irmão ou colega – precisa ter visão e propósito bem definidos sobre si mesmo. “Isso destrava e nos abre para a vida”.
 
O segundo aspecto é a atitude, com forte desejo, entusiasmo e constância. Citou grandes líderes históricos e atuais que contagiam apenas pelo entusiasmo. O terceiro ponto é o comprometimento. Enfrentar os medos e sair da zona de conforto. “Faça o que você tem medo de fazer”, recomendou, citando o carvoeiro John Barfield.
 
Com o mínimo de controle sobre si mesmo, nasce a possibilidade de liderar aos outros, garantiu. Confiança, empatia, clareza da visão comunicada, desenvolver-se sempre e ter vontade para compartilhar aprendizados são atributos essenciais em um líder. Para Hart, a maioria corre atrás de talentos e deixa os seus melhores sair. “Por falta de empatia, não encoraja, não quer servir, apenas ser servido. Isso não dá certo”.
 

“Querer ferramentas para liderar é manipulação”

O diretor do instituto em Minas Gerais e Paraná, Guilherme Amaral, desconstruiu a ideia de “adquirir ferramentas para liderar”. “Quando buscamos ferramentas para fazer prevalecer nossa ideia sobre os outros, então estamos manipulando”. Amaral entende que o líder genuíno tem a intenção e a consciência interna e externa da realidade.
 
As formas de liderar variam nas relações pessoais e profissionais. Citou três caminhos mais comuns utilizados por quem exerce cargo de liderança: coação, corrupção e propósito. O líder que adota a ameaça para forçar resultados tende a adoecer a equipe e desestimulá-la. O que faz apenas na base do bônus ou de benefícios por metas não engaja e nem forma novos líderes. “É uma espécie de corrupção, tão conhecida no princípio das relações quando queremos influenciar um cliente com vantagens”, citou. O único caminho de liderança é aquele nutrido pela lealdade, respeito, confiança e verdade. Ainda assim, o líder corre o risco de receber ingratidão.
 
A humildade e a empatia também foram citados por Amaral. “Ego ofendido deixa nossa visão embriagada da realidade. Isso devemos cuidar”, recomendou. Pessoas que fracassam e sofrem dificuldades ao longo da vida costumam se colocar mais no lugar dos outros. “Conseguem entender e sentir empatia mas facilmente”, observou. Desta forma, sugere o tempo e a experiência a favor da liderança. Treinar sempre faz a diferença.
Compreender a si mesmo também envolve gratidão. “Quando esta é descartada, então distorcemos o sentido das coisas e criamos um sentimento de posse, apego”.
 

Equipes felizes produzem 12% mais

Criar ambientes favoráveis conecta pessoas e cria confiança entre a equipe e seus líderes, na opinião da diretora da Comofoco Endomarketing, Ana Rimoli. Segundo ela, pessoas felizes e autoconfiantes são 12% mais produtivas, geram 7% mais lucro e reduzem até três vezes a rotatividade nas organizações.
 
O desafio maior nas empresas é reter e captar talentos. “Os líderes precisam evoluir. O chefe já era. É preciso sair do conviver para o conhecer, para se colocar no lugar do outro”, recomendou.
 
A síndrome do profissional cinza ou “transparente” é outro fator comum nas equipes. Para Rimoli, são pessoas não percebidas, às vezes, durante vários anos. “A empresa não as conhece, são invisíveis”, lamenta.
A especialista recomenda autonomia no lugar de independência; comunicação colaborativa e não unilateral, de forma clara e profunda.

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