Tem assuntos que, por mais que sejam retomados, não se esgotam. Por outro lado, são tantos os que poderiam ser abordados aqui, neste espaço que, repisar matérias já comentadas pode ser um desperdício. O problema é que nesta semana recebi dois vídeos que convergem para o mesmo tema: a privatização das operações da Petrobrás e seus incontáveis benefícios econômicos e sociais. Em grau de importância para o país, vem logo após a Reforma da Previdência e se alinha com outras reformas como a Tributária e a Política.
No primeiro dos vídeos, um indignado cidadão brasileiro filmou e compartilhou os preços dos combustíveis praticados pela estatal brasileira num de seus postos, em Santiago, no Chile. Fazendo a equivalência das moedas dos dois países, dá R$ 1,00 (isto mesmo, um real) o litro do óleo diesel e R$ 1,50 o da gasolina. Na sequência, o mesmo cidadão dá o seu entendimento para este milagre: é que, lá, a Petrobrás compete com os preços de outras distribuidoras, devido ao livre comércio e com carga tributária bem inferior.
O outro vídeo contém palestra do ministro da Economia, Paulo Guedes, onde este informa que em sessenta dias teremos o “choque da energia barata”. Consiste numa série de medidas que, entende ele, em no máximo um ano, ou um ano e meio, baixarão o gás de cozinha à metade do preço atual e baratearão o gás industrial. E com base em que? Também na quebra do monopólio hoje existente. O ponto de partida é o aproveitamento do gás proveniente da extração e refino de petróleo, que hoje é queimado, inclusive poluindo o ambiente. Outro dado absurdo que revela é o de que o gás, aqui no Brasil, tem custo seis vezes superior ao de outros países que, tal qual nós, o possuem (Estados Unidos, por exemplo) e o dobro do de países que não o possuem, o importam, como o Japão, por exemplo.
Como sempre acontece com o advento de uma nova atividade econômica expressiva reclamada pelo mercado, também deste “choque da energia barata” teremos desdobramentos de geração de novas riquezas e de novos postos de trabalho. Segundo o ministro Guedes, a Vale do Rio Doce (há anos privatizada) já se habilita a fabricar os dutos que trarão o gás das plataformas marítimas de extração de petróleo até o litoral.
Esses dutos, por sua vez, possuem alto potencial de exportação, com o que o minério bruto usado na sua fabricação seria valorizado em dez vezes com relação ao preço irrisório que hoje auferimos pelo minério exportado em bruto. Por fim, com a disponibilização de gás às indústrias e a preços competitivos, teríamos a reindustrialização – uma nova “revolução industrial” – no Brasil. O ministro encerra passando a convicção de que a privatização da Petrobrás é uma questão de tempo. A própria estatal o quer e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) estaria entrando na jogada.
Para a própria Petrobrás, será ótimo pois, atualmente, qualquer monopólio leva a aberrações e distorções, tanto na estrutura de funcionamento de quem o detém quanto nos seus efeitos no mercado. Um verdadeiro “monstrengo”.
Seus conselhos deixarão de ser cabide para nomeações políticas, sua diretoria terá que se pautar pela eficiência e seu capital passará a ser ambicionado cada vez mais por acionistas privados. Além de que deixará de ser, de vez, uma fonte potencial de desvio de recursos públicos. E fará bem para nós brasileiros, pois mexe, de ponta a ponta, com o “combustível” da nossa economia. Inclusive com óleo diesel, gás e gasolina, a preços compatíveis.
O caminho do desenvolvimento do país está desenhado. Basta trilhá-lo. E não é uma questão de ideologia, de ser a favor ou contra, ou de ser da direita ou da esquerda. Não há outra saída.
Opinião
Ardêmio Heineck
Empresário e consultor
Assuntos e temas do cotidiano