“Escolhi ser professora para melhorar o meu país”

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“Escolhi ser professora para melhorar o meu país”

A professora aposentada Iara Ghilardi Breitenbach, 71, lecionou em diversas escolas em Cruzeiro do Sul e Lajeado por 45 anos. Afastou-se das salas em 2014. Foi uma das líderes educacionais da região. Enquanto diretora do Colégio Castelo Branco, ajudou na…

“Escolhi ser professora para melhorar o meu país”

A professora aposentada Iara Ghilardi Breitenbach, 71, lecionou em diversas escolas em Cruzeiro do Sul e Lajeado por 45 anos. Afastou-se das salas em 2014. Foi uma das líderes educacionais da região. Enquanto diretora do Colégio Castelo Branco, ajudou na formação do primeiro curso público de magistério no Vale

 
Como se tornou professora?
Sempre disse que seria professora. Lembro que quando tinha sete anos, participei de uma promoção para ganhar uma coleção de livros. Escrevi uma redação e disse que eu merecia ter as obras, pois queria ser professora. Assim eu iria ajudar a melhorar o país.
 
A senhora ainda tem essa redação?
Essa é uma história curiosa. Meu pai era militar. Pouco tempo antes de morrer, em 2001, ele me presenteou com esse texto. Ele havia guardado a redação. Eu não lembrava mais. Havia feito o magistério, já era professora fazia anos e pude relembrar um texto de quando era criança. Isso me emociona muito.
Depois de tantos anos, tanta luta em defesa do magistério, ver que a valorização dos docentes é cada vez menor. Escolhi ser professora para melhorar o meu país. Acredito que só a educação pode garantir um futuro melhor.
 
Ao longo dos anos nas escolas, como mudou a relação da sociedade com os mestres?
Havia um respeito maior no passado. O professor era uma autoridade. Não havia essa vigilância de hoje, essa ideia de que são doutrinadores de A ou B. Também havia valorização salarial. Quando comecei, era dez salários mínimos. Ser professor era garantia de sucesso profissional. Inclusive diziam, quer se dar bem na vida, case com uma professora (risadas). Hoje é o contrário. Inclusive o jovem não tem mais interesse em seguir nessa carreira.
 
Como o professor pode ajudar o aluno a ser mais autônomo, a pensar por si próprio e ter mais sabedoria para tomar decisões?
Eu acredito em uma educação libertadora. Para termos uma nação melhor, é preciso fugir da ignorância, do preconceito e do senso comum. É importante que o professor saiba se colocar no lugar do aluno. Veja as dificuldades que ele enfrenta e não feche as portas por algum ato de indisciplina. Vivemos em um país desigual. Isso interfere na autoestima, nos sentimentos desses jovens quando convivem com colegas que tem mais do que ele. Se não dermos atenção aos sinais, depois não adianta reclamar se ele usar drogas ou se perder no mundo do crime. O ambiente em que ele vive, a estrutura familiar, tudo isso interfere nessa formação. Dentro disso, o professor pode ajudar a salvar uma vida.
 

FILIPE FALEIRO – filipe@jornalahora.inf.br

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