A Hora veiculou na edição de ontem uma reportagem sobre problemas recorrentes no abastecimento de água da Linha Santa Rita, no interior de Estrela. Situação histórica, que se arrasta faz pelo menos dois anos, e continua sem perspectivas de solução.
Conforme relatos de moradores, as interrupções no fornecimento são constantes, especialmente nos fins de semana. Quando falta água, levam-se dias até o serviço ser restabelecido.
Em pleno 2019, é inconcebível imaginar um cenário onde os cidadãos, com as contas pagas em dia, não têm água garantida para as necessidades básicas de suas rotinas. Produtores rurais, em sua maioria, são obrigados a conviver com os transtornos, que afetam tanto a qualidade de vida como o trabalho da agricultura e criação de animais.
Em 2017, o Ministério Público interveio no caso e mediou negociações entre a Corsan e o governo municipal. A ampliação da rede até a localidade carecia de uma burocrática e morosa autorização do Dnit, e a solução provisória encontrada foi a instalação de uma caixa d’água de 20 mil litros.
Desde então, quase nenhum avanço. O reservatório dura apenas quatro dias. E quando a água termina, os moradores precisam ligar para a Corsan, que envia uma caminhão-pipa de Estância Velha, distante a 90 quilômetros, para abastecer os dezenas de moradores.
Conforme a Organização das Nações Unidas, um ser humano precisa de, no mínimo, 110 litros de água por dia para suas necessidades básicas. No Brasil, a média de consumo diário está em 154 litros, conforme o Ministério das Cidades. Na Linha Santa Rita, a média fica em torno de 119 litros diários, considerando um abastecimento por semana e sem contar o que é usado pelos animais. Ou seja, a situação beira a calamidade.
Isolados do restante do município, a comunidade conta com o auxílio de vizinhos e familiares para a doação de baldes e garrafas d’água. Tomar banho ao chegar do trabalho, lavar a roupa e a louça, e ter água suficiente para as atividades domésticas é um privilégio compartilhado pela maioria da população, mas não na Linha Santa Rita.
Em determinados lugares, um elemento básico para a vida torna-se artefato raro. A situação no interior de Estrela não é única e demonstra que hoje, em que é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente, a sociedade continua longe do cenário ideal.
