Tenho visitado empresas e conversado com inúmeros empresários, executivos e gerentes das mais variadas áreas. Nenhuma conversa vale a pena quando invocadas as trapalhadas dos governos e políticos populistas. Aliás, extremistas em ambos os lados, que em nada resolvem para o progresso do país.
Não adianta se pautar nas confusões de Brasília. É momento de redobrar o foco no próprio negócio e se abrir às oportunidades que batem à porta.
Gostei muito da capa da EXAME desta semana, na qual recomenda exatamente esta postura. Traz uma reportagem de como alguns governos se modernizam e estimulam o empreendedorismo e a inovação.
Ainda não é o caso do Brasil. O Rio Grande do Sul esboça um leve movimento nesta direção, mas é nas cidades que percebemos as ações mais concretas. O PactoAlegre na capital e as startups impulsionadas pela Marcopolo em Caxias do Sul são bons exemplos. O Pro_Move Lajeado ainda engatinha, mas está no caminho.
Baixar a cabeça e reclamar do governo nada resolve. É hora de identificar o valor daquilo que fazemos melhor. Chamar ajuda, se for o caso, e assim preparar o negócio para as inúmeras oportunidades que surgem a cada dia.
“Enquanto alguns choram, outros vendem lenço”. Temos de tomar cuidado para não adotar a postura errada, de lamúria e rancor. Encorajar nossas equipes, estimular a criatividade de soluções e reavaliar modelos vencidos é o caminho mais sensato neste momento desafiador.
Por mais que estejamos no ápice da tensão econômica – seja para as empresas ou às famílias brasileiras -, uma coisa é certa: já houve momentos piores. O segredo é focar nas soluções e não nos problemas. Mas cuidado, sem aventuras e nem imprudências.
Menos Brasília e mais foco no próprio negócio. Só isso, já fará uma baita diferença.
Evento empresarial do ano
Grupo A Hora e Acil preparam novo fórum estadual sobre empreendedorismo, estratégia e inovação para novembro deste ano. Focado para diretores e executivos, um seleto grupo de empreendedores e especialistas está na grade de atrações do fórum que intercala com o TOP 100, evento programado para 2020, a exemplo de 2018, quando reconheceu as marcas mais lembradas do Vale.
Em breve, os realizadores anunciam a programação e lançam o evento bianual, cuja pretensão é se consolidar no calendário regional e estadual como um evento virtuoso ao mundo dos negócios em transformação.
União de gigantes preocupa
Não deixa de ser uma ameaça regional, a combinação das grandes multinacionais BRF (dona da Sadia e Perdigão) e Marfrig. Isso pode criar a quarta maior companhia global de carnes, com receita líquida de R$ 76 bilhões, concentrando ainda mais o setor.
A título de comparação: Languiru e Dália faturam juntas pouco mais de R$ 2 bilhões anuais. Só por aí dá para ter uma ideia do poder concentrado. Um setor cada vez mais na mão de poucos coloca em xeque qualquer reivindicação de funcionários ou produtores integrados.
Aliás, as multinacionais avançam sem fronteiras em todas as áreas.
Gestão santa-clarense desperta curiosidade
Uma comitiva com 70 representantes de 15 municípios da região oeste do Paraná visitou Santa Clara do Sul, nesta semana, para conhecer ações público-privadas. Intermediada pelo Sebrae local e de Cascavel, a missão técnica trouxe gestores e funcionários públicos, vereadores e líderes comunitários para conhecer experiências na produção de flores, orgânicos e o projeto do comércio, denominado de Santa Clara Tem Valor.
Chama atenção a visita de comitiva tão expressiva oriunda de uma região desenvolvida como o estado do Paraná. De fato, a gestão santa-clarense se diferencia faz tempo, com alguns prêmios nacionais, muito fruto da persistência do prefeito local, Paulo Kohlrausch.
O ceticismo inicial começa dar espaço a um novo modelo de pensamento. A maioria dos colonos alemães nasceu plantando fumo, soja e milho. Parece terem se dado conta da inovação na agricultura familiar.
O processo é lento, mas é assim na Europa ou em qualquer região desenvolvida. Às vezes demora mais de uma geração, outras, acelera o passo quando o poder público decide pagar o preço político.
Santa Clara do Sul dá sinais curiosos. Está longe do objetivo, mas visitas como a dos paranaenses atestam que alguma coisa diferente acontece no município.
Importante é seguir no principal: mudar a cultura. Superar o modelo antigo e se abrir para as oportunidades vindouras.
Oxalá, esta mudança mental despertar em todo Vale.