“É o meu jeito de mostrar que amo” se tornou uma frase freqüente nestes anos todos trabalhando com pessoas, famílias e seus dilemas e processos de mudança.
Ao perceber a frequência do afeto demonstrado de forma oculta, onde o outro precisa decifrar, acabei desenvolvendo no meu livro lançado recentemente a expressão “amor sem legendas”.
O reconhecimento, elogio, afeto, carinho, amor e outras tantas manifestações positivas das quais somos todos carentes não deveriam ser de difíceis interpretações.
Ouvi muitas vezes relatos de pessoas que sabiam que seus pais lhes amavam, mas que isto nunca havia sido dito de forma direta, ou melhor, sem legendas.
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Demonstrar atitudes de amor é fundamental em uma relação afetiva. E a fala sem ações perde valor. Mas ao mesmo tempo, não importa a idade que você tenha, você certamente sempre fica muito feliz de ouvir um “eu te amo” dos seus pais.
O amor sem legendas derruba vícios e padrões comportamentais nas famílias e nas relações intimamente afetivas.
E na mesma linha ocorre com os reconhecimentos. Os ambientes de trabalho, na falsa idéia da escassez do tempo, estão deixando de elogiar, reconhecer e parabenizar. “É a minha forma de mostrar que gostei” é legendado demais para quem suou muito para conseguir um resultado.
“É minha forma de mostrar que senti sua falta” é legendado demais para quem se afastou e precisa saber que sua ausência faz diferença.
“É minha forma de pedir desculpas” é legendado demais para quem está magoado e precisa seguir em frente.
“É minha forma de demonstrar preocupação” é legendado demais para quem está angustiado, com medo e inseguro com algo na sua vida.
Dentro do trabalho da gestão de conflitos, seja entre líderes, sócios ou família, a legenda complica demais a capacidade de resiliência do ser humano. No fundo somos todos frágeis e precisamos uns dos outros para evoluirmos diante das dificuldades que, inevitavelmente, a vida seguirá trazendo para todos nós.
Este texto fez você lembrar de alguém? Pega logo seu whatsapp e envie algo sem legenda. Mal eu lhe garanto que não vai fazer.
Opinião
Gabriel Carneiro Costa
Escritor e palestrante