Valendo-me do tema apresentado por Albano Mayer, em 5 de maio, que abordou a importância do uso de indicadores de desempenho nas organizações como orientadores das estratégias, tomo a liberdade de transpor esse assunto para a gestão das Propriedades Rurais. Os empreendimentos rurais possuem um papel importante no cenário econômico nacional, e principalmente regional, necessitando crescer e desenvolver-se de forma sustentável. Contudo, a ineficiência na administração afeta negativamente o desempenho desses empreendimentos.
A melhoria dos mecanismos de gestão é fundamental, pois a não adoção de técnicas que possibilitem o monitoramento do desempenho da atividade pode implicar na “exclusão” de uma parte significativa dos produtores, visto que o setor entrou na era da competitividade em uma economia globalizada. Tive a oportunidade de me dedicar ao tema durante algum tempo e não resta nenhuma dúvida sobre a importância de gerir as propriedades como empresas com fins lucrativos.
O modelo de gestão das propriedades rurais, principalmente familiares, é motivo de preocupação em virtude da falta de controles, da carência da inserção da tecnologia da informação e ao estilo de administração adotado pelos produtores rurais, que tomam suas decisões sem o apoio de sistemas de gestão adequados. Adotar práticas de planejamento e controle que possam auxiliar na tomada de decisão frente aos cenários desafiadores que se apresentam é uma necessidade premente.
Durante os estudos encontramos uma distância grande entre os modelos preconizados na literatura e a prática nas propriedades. Um levantamento com 25 propriedades do Vale do Taquari demonstrou que ainda há desconhecimento das ferramentas básicas de gestão, porém há de louvar-se o trabalho que vem sendo desenvolvido, principalmente, pelas cooperativas da nossa região, que têm buscado disponibilizar aos cooperados capacitações que permitam a melhoria do desempenho nas propriedades. Avançando em relação às dimensões apresentadas por Mayer, proponho acrescer duas outras perspectivas: a Social e a Ambiental.
Seguramente, quando falamos da sustentabilidade de um empreendimento, não podemos deixar de lado esses dois aspectos, pois são de importância idêntica aos financeiros, aprendizado, conhecimento ou processos internos. A qualidade de vida das pessoas envolvidas deve ser uma preocupação permanente, assim como as ações para a mitigação dos impactos ambientais decorrentes da atividade, pois de forma integrada bons resultados nessas perspectivas podem levar a um resultado econômico positivo ou não.
Opinião
Carlos Cyrne
Professor da Univates
Assuntos e temas do cotidiano