Professor safrista

Editorial

Professor safrista

De profissionais defendidos pela sociedade, para responsáveis pela doutrinação de esquerda. O professor enfrenta um dilema que vai além da precarização do trabalho, dos atrasos salariais, do desinteresse dos alunos e da sobrecarga de funções. Os mestres estão diante de…

De profissionais defendidos pela sociedade, para responsáveis pela doutrinação de esquerda. O professor enfrenta um dilema que vai além da precarização do trabalho, dos atrasos salariais, do desinteresse dos alunos e da sobrecarga de funções. Os mestres estão diante de uma desvalorização do magistério por parte da própria sociedade.
 
Grupos políticos tentam desacreditar os docentes e criam um cenário de que a condição do país se deve ao posicionamento político dos profissionais da educação. Uma falácia que serve de desculpa para o enfraquecimento da qualidade do ensino público.
 
No Rio Grande do Sul, estado que já foi referência educacional da nação, o problema ganha mais dimensão devido ao próprio Cpers. Há uma antipatia de muitos gaúchos ao sindicato dos trabalhadores. Algumas por vezes até justificáveis, como a ligação história a partidos políticos.
 
No específico, hoje não é o caso. Sem reposição da inflação no salário faz quase cinco anos. Com parcelamentos e atrasos nos depósitos desde 2014 e com uma determinação no mínimo questionável sobre os contratos temporários, como consta na matéria da página quatro.
 
Com esse quadro, criticar o direito constitucional de um profissional de exigir melhores condições de trabalho é falta de empatia e solidariedade. Todos trabalhadores tiveram professores. Empresários, motoristas, advogados, promotores, médicos, engenheiros, jornalistas. Sem os mestres, o conhecimento teria se perdido nas curvas da história.
 
Pelo relato dos professores, da tristeza em se sentir humilhado por ter de aceitar um trabalho de dez meses, sem direito a férias e nem contribuição previdenciária, mostra que não há, realmente, interesse governamental de garantir uma educação de qualidade nas escolas públicas. Como disse o diretor do Cpers da região, os professores viraram safristas.
 
O governador Eduardo Leite tem qualidades. Entre as quais a boa comunicação. Também se posiciona como um homem de diálogo. Por outro lado, precisa de mais agilidade para decidir, em especial na educação.
 
Passaram-se 123 dias do início da gestão do PSDB e as escolas ainda estão sem professores. Algumas sem supervisores, sem coordenadores pedagógicos e sem bibliotecários. Quer dizer, não há docentes no quadro fixo e os temporários são necessários para garantir as aulas.

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