Quem entrar na cozinha da casa de Luis Henrique Lucian, 29, vai estranhar a composição. É que os dois principais eletrodomésticos desse cômodo não estão lá – a geladeira e o fogão. Como a dieta do rapaz inclui basicamente alimentos crus e fermentados em temperatura ambiente, não havia necessidade de utilizar recursos para aquecer ou refrigerar a comida. “Até tenho fogão e geladeira, mas estão guardados em quarto; não uso.”
Depois de uma juventude repleta de “farináceos, açúcar e produtos da indústria”, ele sentiu que era necessário rever a alimentação. A mudança começou há cerca de seis anos. Pesquisando por conta própria, descobriu os benefícios da fermentação e da alimentação viva.
“No começo foi mais difícil. Com o passar do tempo, fui fazendo os próprios alimentos, e eles começaram a me ensinar. Numa alimentação viva, nada passou por processo de cozimento, então tudo está cheio de vida, de nutrientes, enzimas, minerais. Mais do que isso, é uma informação que vem da terra, do sol, do ar.”
Depois de adquirir os alimentos em feiras orgânicas, o processo de fermentação é simples. Basta armazená-los em um frasco de vidro, submersos em um mistura de água e sal, com o mínimo possível de ar. Lucian usa um sal integral de Mossoró, município do interior do RN, que ele encomenda pela internet. É importante, porém, que o vidro não esteja totalmente vedado, já que a fermentação faz pressão e pode explodir o frasco.

Luis Henrique Lucian prioriza fermentados e legumes e frutas crus
Ele diz que o tempo de fermentação varia bastante, assim como o sabor, e pode ser consumido de um dia para o outro. O normal é que a mistura forme pequenas bolhas, e exale um aroma bem forte – o que pode ser desagradável para quem não é acostumado. “Esse tipo de alimentação faz com que tu ingira menos, pois o valor nutricional é muito maior. Tu começa a se limpar, e começa a ter maior absorção nutricional”, comenta.
Alimentos desidratados também estão em sua rotina. Conta que o Sol é seu principal aliado nesse processo. Para desidratar naturalmente, ele deixa o alimento exposto à luz natural, coberto apenas por um tecido leve. Além disso, também desenvolveu um desidratador elétrico. Comprou as peças e montou uma espécie de forno, que mantém o alimento a 43ºC.
Na onda de fazer os próprios utensílios, ele está desenvolvendo o próprio filtro de água. “Eu colocava a água no sol e depois tinha passar no filtro, então resolvi fazer um de vidro que possa ficar no sol”. A água solarizada é amplamente abordada na cromoterapia, já que a maioria das pessoas reveste o vidro com celofane colorido.
Apesar de ter abolido lácteos e carne de vez, Lucian não se considera um extremista. “Em ocasiões especiais, um aniversário, eu como alguma coisa diferente. Mas a base da minha alimentação é o alimento vivo (sem cozimento)”, comenta.
Desde então, ele diz que seu sono tem mais qualidade, sua respiração melhorou e as espinhas – um problema cutâneo que lhe incomodava – praticamente sumiram. Praticante e professor de skate, diz que seu rendimento também melhorou bastante, e já não precisa mais de suplementos, como no passado.
Referências
Para descobrir os benefícios dos alimentos fermentados e crus, Lucian explorou a internet em busca de referências sobre o assunto. Nessa pesquisa, alguns nomes se destacam. Um deles é o do médico homeopata Gabriel Cousens. Diplomata do Conselho de Medicina Holística dos Estados Unidos, há 35 anos desenvolve um programa de combate natural ao diabetes. Também fundou e dirige o Instituto Tree of Life, entidade que incentiva a “alimentação viva vegana, o bem estar e a espiritualidade natural humana”.
Outro é o do Daniél Rocha, um dos maiores propagadores da alimentação alcalina. É palestrante e defende a alimentação mais natural como caminho ao emagrecimento. É também conhecido como Alkaline Man.