Depois de empatar em 2 a 2 com o Esportivo, o Lajeadense deu adeus ao sonho de retornar à primeira divisão do Gauchão. Agora o clube começa a projetar o futuro. Em meados de julho, ocorre a eleição da nova diretoria. Só depois disso, o Alviazul definirá se haverá futebol no segundo semestre.
Para o presidente Alexandre Sebben, a campanha foi positiva, mesmo não tendo conseguido o acesso à elite. “Demos oportunidades para muitos guris da base, revelamos muitos talentos. Trouxemos a esperança que, se fazendo as coisas com cabeça, com planejamento, as coisas dão certo.”
A falta de investimento financeiro é apontada como uma das principais causas do clube não ter conseguido o acesso. “Faltou dinheiro. Poder de investimento. Se tivéssemos mais dinheiro, teríamos pegado um centroavante desde o início. Teríamos contratado outros meias quando Marquinhos e Roger se machucaram.”
Até o segundo semestre os únicos jogos na Arena Alviazul serão pelas categorias de base do clube. As equipes voltam a campo amanhã. O time sub 17 recebe o Santa Cruz, enquanto o time sub 20 vai a Novo Hamburgo enfrentar o Novo Hamburgo.
Acesso ficou para 2020
Ainda não foi desta vez. O Lajeadense foi bravo, fez uma boa partida e por alguns minutos não levou a decisão para os pênaltis. Mas um gol sofrido aos 42 minutos do segundo tempo fez com que o sonho do acesso tenha que ser adiado em mais um ano.
Para quem acompanhou as duas partidas das quartas de final entre Lajeadense e Esportivo, ficou claro o sentimento de injustiça. O Alviazul de Lajeado soube se impor e ser superior em ambos os confrontos, mas os acasos do futebol fizeram com que o clube da Serra ficasse com a classificação.
Jogando fora de casa, na Montanha dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, o Lajeadense foi ousado. Junto de sua fiel torcida, que compareceu em peso à partida, alcançou duas vezes o placar necessário às penalidades, mas não soube segurar o ímpeto dos donos da casa.
O jogo começou com uma má notícia, aos 15 minutos o zagueiro Dadalt teve de ser substituído devido a uma lesão no joelho. Iago entrou em seu lugar. O Lajeadense não se abalou com o ocorrido e seguiu firme na partida. Aos 42 minutos, Maycon abriu o placar para a equipe comandada por Serginho Almeida.
Não houve tempo para comemorar, logo em seguida, no primeiro ataque do Esportivo, Tony Jr. balançou as redes para a equipe da casa. Em um final eletrizante de primeiro tempo, coube a Maycon colocar o Lajeadense novamente em vantagem, aos 45 minutos.
Veio o segundo tempo e o Alviazul jogava com o regulamento, os 2 a 1 levavam a partida aos pênaltis. O jogo voltou a ficar tumultuado aos 38 minutos, quando Iago foi expulso após dura falta. Jogando em inferioridade numérica, o Lajeadense sucumbiu diante o adversário. Coube a Nena, aos 42 minutos, fazer o gol do alívio do Esportivo. Com o empate, a equipe serrana avança às semifinais, quando encara o Guarani, de Venâncio Aires.
Campanha Alviazul
A eliminação não tira os méritos alcançados por Serginho e sua equipe. Com um elenco muito jovem, apelidado de “Guris do Dense”, a equipe de Lajeado foi muito batalhadora na Divisão de Acesso.
Não fosse o elevado número de empates, nove em dezesseis partidas, e a sorte seria outra. O Lajeadense deixa a competição com um aproveitamento de 43,7%. O time do Vale do Taquari foi um adversário muito incômodo aos seus oponentes, perdeu apenas três jogos. Ao mesmo tempo, com o show de empates, só venceu quatro partidas.
A menção honrosa fica para a torcida de Lajeado. Os torcedores abrilhantaram o Estádio Alviazul ao longo das oito partidas disputadas em casa. Conforme os borderôs disponíveis no site da Federação Gaúcha de Futebol, 3.006 torcedores compareceram aos jogos do Lajeadense ao longo da competição. Uma média de 429 pessoas por partida.
“Se for para ficar só dois anos, saio agora.”
Atual presidente, Alexandre Sebben encerra o primeiro mandato em julho. Para se reeleger, impõe algumas condições, dentre elas, a mudança no estatuto para seguir no cargo após os próximos dois anos.
Jornal A Hora – Teu mandato acaba em julho. Pretende ir a reeleição?
Alexandre Sebben – Tem eleição agora, e a minha reeleição passa por uma conversa com o Conselho Deliberativo. Se for para ser presidente, e daqui dois anos não comandar mais o futebol, saio agora. Para continuar o projeto, ele tem que ser a longo prazo e hoje o estatuto não permite mais que uma reeleição. A minha ideia é continuar, desde que haja um entendimento com o conselho e que eles acreditem neste projeto a longo prazo.
Tem possibilidade do futebol profissional ser retomado no segundo semestre?
Sebben – Temos a eleição antes, mas se depender de mim, vamos ter futebol sim. Dentro dessa ideia é manter a base dessa Divisão de Acesso para jogar a Copinha. Com 80% do grupo de jogadores e comissão técnica brigamos pelo título e por consequência as vagas na Série D e Copa do Brasil.
Quando você assumiu, tinha como meta chegar na Série A em 2026. Com a permanência na Divisão de Acesso, como fica o plano?
Sebben – Não muda. O mais difícil é sair da Divisão de Acesso. Nessa competição tu não tem orçamento. Não tem visibilidade na mídia. Os patrocinadores não se interessam pelo produto. Aqueles que estão com a gente, são da região, tem um amor pelo clube, tem um vínculo com a cidade e acreditam no nosso trabalho. O projeto de 2026 passa pela continuidade na presidência, hoje o estatuto não permite que fique mais que a reeleição. Nesses dois anos na presidência, tive apenas uma ação trabalhista e não fizemos dívidas. Temos apenas umas continhas atrasadas, mas não temos dívidas. O resultado de campo, apesar de não ter conseguido o acesso, foi positivo. O público compareceu. Foi muito bom. As pessoas acreditam no nosso trabalho, mas não dá para gastar a energia e daqui a dois anos, eu estar fora.
Aí pego esse projeto de 2026, mudo ele para 2028, crio um outro clube, pego a estrutura do Ser São Cristóvão e começo da terceira divisão sem dívidas. O problema do Lajeadense hoje é o passivo, as dívidas que estão juntos com o time a mais tempo. Por isso que a nossa gestão precisa de um projeto a médio e longo prazo. A gente iniciou um projeto que está dando resultado. Precisamos ter estabilidade e certeza de que continuaremos, depois vamos ver o que acontece. Estamos fazendo um bom trabalho, mas como toda empresa têm erros e acertos. É sempre um aprendizado, sabemos o que precisa mudar. O que precisa melhorar. O que podemos fazer para melhorar, pode ter certeza que vamos fazer. Continuo acreditando no projeto, mas o desgaste é muito grande e para valer a pena tem que ter a certeza da continuidade.