Foca na melhoria e vai

Opinião

Sérgio Sant'Anna

Sérgio Sant'Anna

Publicitário

Assuntos e temas do cotidiano

Foca na melhoria e vai

Vale do Taquari

Se os resultados do primeiro trimestre da nossa economia não ajudam muito e os indicadores patinam e não decolam, o jeito é enxugar o suor e se manter firme com nossos propósitos e sonhos. Com os planos B, C e D na mochila, insisto que a busca definitivamente passa pela mudança – de estratégia, de comportamento, de métodos e processos.
 
No início dos anos 2000, um empresário, cliente meu, dizia que a reformulação de modelos não se consolida necessariamente pela exclusão de ideias e conceitos antigos, mas sim pela perseguição contínua da melhoria das coisas.
 
Este mês, a revista InfoMoney noticiou que o bilionário e criador do maior fundo de hedge do planeta, Ray Dalio, publicou um relatório onde diz que o capitalismo falhou e precisa de reformas, porque “está produzindo espirais de alta para os que têm e de baixa para os que não têm” e arremata: “a maioria dos capitalistas não sabe dividir o bolo da economia e a maioria dos socialistas não sabe bem como o fazer crescer”. Ou seja, também segundo Dalio, mudar é preciso!
 
Por outro lado, não discordo da melhoria contínua. Muito pelo contrário. Modelos de reengenharia e um kaisen* bem aplicado, por exemplo, podem ser eficazes para melhorar a produtividade, baixar custos e colocar seu negócio num outro giro. Mas, naturalmente, aposto em startups como solucionadoras de problemas, além de ser um excelente caminho para investimentos e, também, ponta de lança para inúmeros e criativos jovens.
 
A questão é que tanto no caso da melhoria quanto da inovação o que conta mesmo não é a nomenclatura e, sim, o seu envolvimento pessoal com o problema e o entendimento do que acontece à volta do seu empreendimento. Em tempos de marketing digital, inteligência artificial e big data, conhecimento é tudo, mas atitude continua sendo essencial.
 
Cabe a nós, além de um bom estudo dos ambientes e forças que influenciam nossos negócios, nos focarmos na organização da casa, no fortalecimento dos vínculos com a equipe. Conheci uns bons caras de sucesso que nem eram o suprassumo em suas funções operacionais, mas eram craques em selecionar pessoas, e mais, sabiam valorizar sua participação no processo de construção e sucesso das empresas. Sabem onde eles estão hoje? No topo.
 
Se dermos ouvidos a Erik Erikson e sua psicanálise, estamos todos programados para desenvolver virtudes que nos orientam para o bem e para a evolução: esperança, vontade, propósito, fidelidade, amor, cuidado e sabedoria – é o que ele chamava de força interior. Carlos Castañeda, em sua viagem mística, denominou de “fogo interior” essa força de vontade capaz de nos mover para a consciência total das coisas.
 
Em ambos os casos, quem possui essa consciência tem mais condições de reagir às adversidades e criar condições para abrir novos ciclos virtuosos. Quem sabe, apesar do Efeito Gangorra que os três poderes vêm promovendo, com suas crises internas, tweets mal sucedidos e decisões erráticas e retrógadas, não está na hora de soltarmos um pouco o freio de mão e nos permitir mudar?
 
Se ainda não dá para assumir o tom desruptivo que o mundo inteiro tanto propaga, pelo menos podemos focar na melhoria e olhar para frente!
*Kaisen: metodologia de origem japonesa focada na produtividade.

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