O que fazemos com o tempo?

Opinião

Adair Weiss

Adair Weiss

Diretor Executivo do Grupo A Hora

Coluna com visão empreendedora, de posicionamento e questionadora sobre as esferas públicas e privadas.

O que fazemos com o tempo?

Páscoa e Natal são datas propícias para reflexões sobre o sentido das coisas

O ano mal começou e já é Páscoa. Parece que foi ontem quando Haddad e Bolsonaro se digladiaram nas eleições. A posse do vencedor já passou de 100 dias e logo será Natal. Num piscar de olhos estaremos em 2020. Afinal, o que fazemos com o tempo?
A Univates até criou um mote publicitário alusivo aos 50 anos no qual faz esta provocação: “Não é o tempo, é o que fazemos com ele”. E isso é um fato.
 
Numa era em que a internet invadiu nossas vidas e esculhambou nossa privacidade, a sensação é de que o tempo está mais curto. Mal acordamos e já é noite. Nosso olhar fixo ao celular para conferir as chamadas no WhatsApp e despachar por ali mesmo ocupa a maior parte do tempo.
 
Estudos mostram que o celular já é um grande vilão da nossa insatisfação. A sensação de frustração e insuficiência crescem à medida que não regramos seu uso demasiado. Especialistas alertam para problemas na saúde mental e física.
Uma boa estratégia é instalar um aplicativo e controlar o tempo gasto no aparelho, seja para trabalhar, mexer ou apenas conferir de minutos em minutos. Inacreditável, mas quando medimos, o exagero se impõe.
 
Não é saudável ficar o dia inteiro conectado e trocar o tempo de convívio, conversa ou a sensação de bem-estar por um aparelho eletrônico.
 
No passado, os pais chamavam atenção dos filhos quando não saiam do videogame. Hoje, os filhos chamam atenção dos pais para largarem o vício em troca de alguns minutos para brincar. Triste assim.
 
Ultrapassado ou não, costumo ir ao banco, supermercado, ler um livro ou outras coisas “normais” que um ser humano pode fazer. Por mais que a automatização queira me dominar, insisto nestes costumes por que eles me fazem bem.
 
É nestas horas que me deparo com situações inusitadas, muitas delas imperceptíveis durante a correria no trabalho.
Quando estou no supermercado, por exemplo, minha sensação é de que o tempo passa mais devagar. Escolho com atenção e qualidade cada produto que vou levar. Quando pego um livro ou jornal, minha compreensão e memória se ampliam. Minha cabeça relaxa.
 
No banco, os espaços de espera dos clientes, permitem observar o comportamento das pessoas, inclusive, a forma como utilizam o celular ou se relacionam com quem senta ao lado.
 
Nesta semana, nas poltronas confortáveis da Sicredi do Centro, vi uma mãe teclando ao celular – rindo e interagindo com algo -, enquanto a filhinha – no máximo de uns três anos – implorava por atenção. Num gesto inocente de quem queria trocar carinho, alisava o rosto da mãe que se recusava e a mandava ficar quieta. Pior, fazia com certo grau de desdém, afastando a mãozinha da pequena.
 
Eu observava aquela cena e me imaginava no lugar daquela criança. Olhei ao meu redor e vi que a maioria estava concentrada ao celular. Talvez, fosse o único a testemunhar cena tão cruel, pois quase todos estavam grudados no aparelho, estáticos, sem interesse na volta.
 
Mas havia duas jovens conversando, alegre e despretensiosamente. Sorriam, estavam presentes, curtindo e trocando conversa.
Quando prestamos atenção neste fenômeno digital, quase sentimo-nos um “peixe fora d’água”. Difícil é se permitir sair do automático. Quem consegue, pode se considerar alguém quase “anormal”.
 
Contudo, fiquei muito feliz com as declarações dos três jovens painelistas, do Negócios em Pauta, na quarta-feira, dia 17. Jaqueline Harrtmann, da Fruki, Ricardo Scapini, da Scala Logística e Matheus Fell, do Quiero Café, foram unânimes em afirmar que nada substitui o “olho no olho”.
 
Os três são de uma geração que tem pouco mais de 20 anos, mas percebem o valor do contato humano para serem mais assertivos. O trio acredita no contato físico para relações saudáveis e verdadeiras, seja no pessoal ou profissional.
 
A conectividade diminui distâncias, é verdade, mas não pode distanciar quem está próximo. Prestar atenção naquilo que nos cerca é, infinitamente, mais prazeroso e completo, do que a tela de um aparelho que filtra nossas emoções, gestos e intenções.
E não podemos ignorar que um movimento inverso já é perceptível em muitos jovens. Eles começam a dar sinais de saturação. Pode ser o início de uma geração que valoriza o ócio e a privacidade, no lugar do On e da super exposição.
Verdadeiramente, acho que será uma geração mais feliz e saudável. Entretanto, esta é apenas uma opinião.
 

Extremos alimentam o ódio

Na semana passada, uma simples foto da deputada Maria do Rosário (PT) ao lado do governador Eduardo Leite encheu as redes sociais de baixaria e ofensas. Ela participou, assim como os demais deputados, da entrega de viaturas à Brigada Militar. Entretanto, os eleitores extremistas rechaçaram a foto como se a deputada deveria ser “varrida” de qualquer local público. E teve muita gente “esclarecida” que curtiu. Lamentável, para não dizer outra coisa.
 

Tentando tirar uma lasquinha

Qualquer ação do governo Bolsonaro é motivo de críticas para os oposicionistas de plantão. Na opinião dos contrários, o governo não faz nada certo, o que é insuflado, em grande parte, por setores tradicionais da imprensa que insistem na retórica de ligá-lo a assuntos polêmicos, tentando desacreditá-lo. O que alguns não publicam é que diminuiu a farra da publicidade paga pelo governo aos monopólios da comunicação, que antes tinham privilégios e engordavam suas fortunas com milhões de reais “extorquidos” do erário público.

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