Para MP, Patussi asfixiou Jacir Potrich

Lágrimas e acusações

Para MP, Patussi asfixiou Jacir Potrich

Carlos Patussi vira réu pela morte do gerente de banco Jacir Potrich. O promotor André Prediger acusa o dentista de Anta Gorda de ter asfixiado o vizinho em um minuto. Defesa alega tese “fantasiosa”

Para MP, Patussi asfixiou Jacir Potrich

“Me debrucei sobre esse inquérito de homicídio sem corpo. Tive que me fazer a pergunta durante esses dez dias. Foi ele ou não foi? A resposta é positiva, foi ele”.
 
Com essa frase o promotor de Justiça de Encantado, André Prediger, iniciou coletiva de imprensa na manhã de ontem, 11, onde apresentou denúncia contra o dentista Carlos Patussi por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver do gerente de banco Jacir Potrich, 55. Esse é um dos resultados de uma investigação que vem sendo feita pela Polícia Civil desde o dia 13 de novembro de 2018, data em que Potrich foi visto pela última vez no condomínio onde era vizinho de Patussi, em Anta Gorda.
 
A apresentação da peça acusatória do Ministério Público (MP) teve a presença de familiares do gerente desaparecido. Sem citar uma palavra durante a coletiva de 40 minutos, a esposa Adriana e o filho Vinícius demonstraram com gestos a emoção e apoio ao MP. “Preciso dar uma resposta para essa família. Eles nunca puderam sepultar o seu parente”, relatou Prediger.
 
Ainda na tarde de ontem, a juíza da 1ª Vara Judicial da Comarca de Encantado, Jacqueline Bervian, aceitou a denúncia do MP por entender que “há indícios sólidos que envolvem o denunciado”. Desta forma, Patussi passa a responder como réu no processo criminal.
 

Assassinato em um minuto

Em 28 páginas da peça acusatória, o promotor defende a tese que Patussi e Potrich teriam se encontrado casualmente no quiosque do condomínio onde moram entre as 19h30 e 20h do dia 13 de novembro de 2018.
 
Motivado por uma desavença antiga, Patussi teria supreendido Potrich e “apertado o pescoço até causar a morte mediante asfixia”. O crime teria sido executado em um minuto. “Pelo fato de não haver resquícios de sangue ou amostras de DNA no local acreditamos que essa foi a causa da morte”, argumentou o promotor.
 
A tese de assassinato por asfixia é classificada como “fantasiosa” pela defesa de Patussi. “Ele teria em um minuto matado um homem de 1,80m, mais forte, por asfixia e retornado para casa com as vestes sem nenhum desalinho?”, questiona o advogado Paulo Olimpio. Ele sustenta que os dois vizinhos não se encontraram no dia do desaparecimento de Potrich.
 

Sem corpo

Para o MP, Patussi ocultou o cadáver da vítima. Entretanto, a peça acusatória não detalha qual procedimento teria sido utilizado. Durante a coletiva de imprensa, Prediger citou a possibilidade do uso de “ácidos” para decomposição do corpo. Embora o corpo de Potrich não tenha sido encontrado, o promotor defende que há indícios e provas indiretas da materialidade suficientes para o recebimento da denúncia.
 
A defesa de Patussi alega surpresa pela denúncia de assassinato sem corpo. “Como vou apontar alguém responsável por homicídio sem saber se houve o crime?”, questiona Olimpio. O advogado acrescenta ainda que 11 perícias foram feitas no quiosque, pátio do condomínio, casa, celular e automóvel de Patussi, sem apontar indícios do assassinato ou participação do réu.
 

Contrariedades no depoimento

Para o promotor, há contrariedade no depoimento do denunciado. Prediger cita o fato de Patussi ter citado horário de ir dormir diferente do que constatado pelas movimentações telefônicas, além de haver discordâncias de como Patussi teria ficado sabendo do desaparecimento do vizinho. “As explicações são ridículas”, defende.
 
O promotor argumentou que Patussi teria dificultado as investigações. “Ele foi a única pessoa de Anta Gorda que não contribuiu com a polícia para elucidação dos fatos. Ao contrário, ele apagou o vídeo do dia do desaparecimento”, afirmou.
 
Outro fator conflitante, conforme Prediger, foi o deslocamento da câmera de segurança do condomínio momentos após o desaparecimento de Potrich. Patussi alega que elas estavam sujas com teias de aranha, porém antes da câmera ser mexida a imagem era clara. Para o MP, a câmera foi deslocada para facilitar a ocultação do corpo.
 
Já na avaliação da defesa, o deslocamento das câmeras não afetou as investigações. “Elas nem estavam focadas no quiosque. Mostravam só os fundo da residência do Carlos”, destacou Olímpio.

Sem falar uma palavra durante os 40 minutos de coletiva de imprensa, a viúva Adriana Potrich demonstrou aflição e angústia diante dos fatos apresentados pelo MP. Já é quase meio ano em busca de respostas capazes de explicar o sumiço do marido Jacir Potrich

Sem falar uma palavra durante os 40 minutos de coletiva de imprensa, a viúva Adriana Potrich demonstrou aflição e angústia diante dos fatos apresentados pelo MP. Já é quase meio ano em busca de respostas capazes de explicar o sumiço do marido Jacir Potrich

Investigação continua

Mais pessoas poderiam ter auxiliado na suposta ocultação do cadáver de Potrich, acrescentou Prediger. “Não temos provas contundentes. Por isso ninguém foi denunciado além dele, por enquanto”, reforça. Prediger destaca que a Polícia Civil de Anta Gorda segue as investigações e que mais pessoas podem ser indiciadas no futuro.
 

Pedido de prisão negado

Junto com a denúncia, Prediger requeriu a prisão preventiva de Patussi. No entanto, o pedido foi negado pela juíza Jacqueline com a justificativa que o “acusado possui endereço certo, profissão lícita e nenhum elemento que indicasse interferência nas investigações”. Na fase de investigação do crime, foi decretada a prisão temporária do acusado. O Tribunal de Justiça concedeu habeas corpus para soltura, e determinou a apreensão do passaporte.
 

FÁBIO KUHN – fabiokuhn@jornalahora.inf.br

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