A procura foi rápida. Entre a entrega de currículos e entrevistas, a atendente Joice Santos da Silva, 23, foi selecionada em pouco mais de um mês. Começou a trabalhar em uma cafeteria no centro de Lajeado. “Comecei a buscar trabalho em janeiro e logo depois estava empregada”, conta. Natural de Porto Alegre, veio para a região no fim do ano passado.
Com Ensino Médio completo e experiência na função, foi chamada para diversas vagas. Escolheu aquela que acredita ter mais relação com as experiências passadas. “Iniciei no dia 20 de fevereiro. Vim para Lajeado para ficar mais perto da minha família”, conta.
A atendente é uma das mais de 8,1 mil pessoas que ingressaram no mercado formal no Vale do Taquari nos meses de janeiro e fevereiro. Conforme o Ministério do Trabalho, por meio do Caged, entre admissões e demissões, a região ficou com 1.666 vagas abertas. O melhor resultado no período desde 2010.
Nos dois primeiros meses daquele ano, foram 8,4 mil admissões para 6,7 mil afastamentos. Uma variação de 1.689. Em nove anos, nunca houve um período negativo nos empregos da região. Para a coordenadora da agência FGTAS/Sine de Lajeado, Vanderleia Botega, esse fato tem relação com diversos aspectos, tais como o período de férias escolares e fechamento de equipes para o ano.
Nos dois primeiros meses do ano, entre os quatro segmentos que mais empregam (indústria, comércio, construção civil e serviços), o setor de manufatura teve o maior saldo. Entre demissões e admissões, gerou mais de 1,2 mil postos. Em seguida aparece os serviços, com uma variação de 328, construção civil com 99 e por último o comércio, com oito vagas. Juntos, representam 98,4% das vagas criadas.
Aproveitar as oportunidades
Apesar da pouca idade, Gabriel Bobsin Martins da Silva, 19, está no terceiro emprego com carteira assinada. Começou como atendente em um restaurante especializado em sushi. Ficou mais de seis meses. “Tive certeza que quero trabalhar com pessoas, pois gosto de me comunicar.”
A relação com os colegas e empregadores era boa, ainda assim queria expandir as opções. “Sai numa boa. Eles entenderam meus objetivos.” Pouco tempo depois, foi para uma loja de roupas no centro de Lajeado. “Comecei em dezembro e em janeiro fui o vendedor destaque.”
Depois do reconhecimento, recebeu uma oferta para outra loja de confecções voltadas para a moda surf e skate. Após avaliar a proposta, decidiu trocar e começou no novo emprego no mês passado. “Foi uma oportunidade que apareceu. Agora quero repetir o resultado que tive e crescer profissionalmente”.
Cuidado com a rotatividade
Diferente de Gabriel, com carteira assinada desde os 18 anos, a atendente Joice evita mudar de emprego em curtos períodos. “Tenho o cuidado de me manter. No meu último trabalho, lá na capital, fiquei dois anos na empresa.” Essa baixa rotatividade ajudou, acredita Joice. “Nas entrevistas que fiz, sempre perguntavam se eu trocava muito de trabalho.”
Essa é uma das principais preocupações dos empregadores, afirma a coordenadora do Sine de Lajeado. “Há alguns anos, o primeiro critério para escolher um trabalhador era a experiência. Hoje se tornou a rotatividade”, afirma Vanderleia.
“Fica para trás quem não se qualifica”
Logo na sequência, aponta a coordenadora, está a escolaridade e a formação. “O Vale do Taquari tem particularidades. Diferente de outras regiões consegue manter a empregabilidade devido à diversidade econômica.”
Ainda assim, alerta que para qualquer trabalho, as empresas estão pedindo no mínimo o Ensino Médio. a“Muitas chegam aqui procurando vagas para serviços gerais, mas não têm nem o Fundamental. Essa vai ter dificuldade para entrar no mercado de trabalho.”
Com a missão de ser o elo entre o empregador e o candidato, o Sine de Lajeado está entre as agências com melhor resultado entre o encaminhamento de trabalhadores que conseguem as vagas em aberto. Nos dois primeiros meses, 269 pessoas passaram para entrevistas com as empresas. O número de vagas abertas entregues à unidade foi de 84.
De acordo com Vanderleia, além da exigência do Ensino Médio, há muitos pedidos para funções técnicas. Estas exigem conhecimento, seja pela experiência na função, ou mesmo com cursos específicos. “Fica para trás quem não se qualifica.”
Em busca do primeiro emprego
Na manhã de ontem, o morador de Canudos do Vale, Rodrigo Ritter, 19, esteve na agência do Sine de Lajeado para buscar a primeira carteira de trabalho. “À tarde saio atrás do meu primeiro emprego formal. Tem vagas abertas em indústrias de Lajeado.”
O desejo dele é vir morar na maior cidade da região. Em Canudos, trabalha na informalidade. “Faço o que tem. Trabalho na limpeza de terreno, na lavoura. Qualquer serviço eu topo.”
“É um período em que os jovens buscam ingressar no mercado. Muitos estão à procura do primeiro emprego”, relata a coordenadora Vanderleia. De acordo com ela, isso se comprova pelo número de pedidos para confecção da carteira de trabalho. Na agência, há um crescimento de até 70% no número de emissão do documento, diz.
Positivo em 2018
Após o período de recessão econômica, as contratações com carteira assinada fecharam 2018 no azul. Diferente de janeiro e fevereiro (quando a indústria segurou a alta), ao longo dos 12 meses do ano passado, o setor de serviços foi o maior empregador.
O segmento líder foi responsável por 753 postos. Ao todo, foram 924 vagas criadas. Este foi o saldo entre as 37.254 admissões e as 36.330 demissões. É o melhor resultado desde 2014, quando foram criados 2.481 empregos. Em 2015 e 2016, houve mais demissões do que contratações. O crescimento foi retomado, de forma tímida, em 2017, quando foram criados 40 postos de trabalho.
Os números são do Perfil dos Municípios, levantamento mensal feito pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho. O saldo positivo indica que o número de trabalhadores admitidos é maior do que o de demitidos. O Caged considera a microrregião Lajeado-Estrela, que engloba 31 municípios do Vale do Taquari.
O comércio também teve geração significativa de empregos, com saldo positivo de 350. No outro extremo da tabela, a construção civil foi o setor que mais demitiu, com redução de 327 vagas. Os dados foram apresentados em reportagem do A Hora, publicada no dia 25 de janeiro.
FILIPE FALEIRO – filipe@jornalahora.inf.br