Estava em Porto Alegre, passeando pela minha livraria preferida, quando meus olhos foram fisgados por aquele título que me surpreendeu: Deus é jovem. Me aproximei e comecei a folhear o livro. O conteúdo é uma conversa, em formato de entrevista, entre o Papa Francisco e o jovem escritor Thomas Leoncini.
Nesta mesma época havia assistido uma série original do Netflix intitulada: Pode me chamar de Francisco. Nascido Jorge Mario Bergoglio, argentino de Buenos Aires, narra a trajetória do estudante de química até o conclave que o elegeu como sucessor do Papa Bento XVI. Conhecendo um pouco mais sua história, o nome Francisco, em homenagem a São Francisco de Assis, não é por acaso. Gostava de ser chamado padre Jorge mesmo quando chegou à posição de Cardeal, simples assim. Abria mão das regalias episcopais para estar mais próximo de seu povo, principalmente dos mais necessitados das periferias de Buenos Aires.
Voltando ao livro, mas seguindo esta linha de raciocínio, quero compartilhar um dos temas abordados por ele e que faz muito sentido para mim. Quem tem tanto poder o que deveria fazer? Transcrevo a resposta de Francisco: “Quanto mais poder se tem, mais se deve estar disposto a servir. Aquele que tem um pouco mais de poder deve estar disposto a servir um pouco mais. Aqui, sim, deveria existir uma verdadeira competição entre aqueles que querem servir mais”. Estas palavras esclarecedoras e de incentivo devem nortear a todos nós. Evitaríamos muitas das tragédias que neste início de ano nos deixaram perplexos.
Crescemos ouvindo que o mundo está cada vez mais competitivo. E para onde estamos indo com tudo isto? Um pouco mais de quatro anos separam os desastres de Mariana e Brumadinho. Entre os dois eventos assumiu a presidência da mineradora Vale do Rio Doce um dos mais experientes executivos brasileiros com o lema: “Nunca Mais Mariana”. Após a segunda tragédia, por pressão dos órgãos públicos competentes, foi substituído. O que fez este líder com todo o poder que lhe foi concedido?
Acredito que podemos realizar nossos projetos de vida incluindo a comunidade que fazemos parte. Podemos abrir esta porta começando com um caloroso bom dia, uma gentileza no trânsito e nos comprometendo, ao abraçar de coração e mente, oportunidades que nos surgem nas quais podemos fazer a diferença por um mundo melhor. Um pensamento que me ajuda a lembrar deste propósito é a primeira frase da oração de São Francisco de Assis: “Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.”
Um abençoado final de semana a todos!
Opinião
Marcos Nesello
Empresário e arquiteto