A Secretaria de Meio Ambiente investiga a causa do óbito recente de três patos no lago do Parque dos Dick. Nesta semana, uma equipe técnica da pasta vistoriou o local e coletou amostras da água para análise. As aves mortas foram encaminhadas à necropsia e para avaliação veterinária. Os resultados devem estar prontos na próxima semana.
Conforme o titular da Sema, Luís Benoit, as informações chegaram ao Executivo a partir de frequentadores da área nessa quarta-feira. Embora seja incipiente para apontar os motivos das mortes, a suspeita inicial é que os restos de alimentos humanos jogados na água para os peixes tenham relação com o desequilíbrio do ecossistema local.
Os exames verificaram os níveis de PH e de oxigênio da água, que segundo o secretário estariam dentro da normalidade. Há também a hipótese de que os animais tenham ingerido resíduos plásticos ou outros materiais poluidores. “As análises básicas da água não demonstraram nada de anormal no sistema. Ainda é muito cedo para constatar com precisão qual foi a causa”, afirma.
O último levantamento feito pela secretaria, a pedido do Ministério Público, apontou a existência de 43 patos no lago. Hoje, são menos de 30. Contudo, Benoit explica que alguns animais podem ter sido roubados, pois as mortes constatadas foram apenas três. Veterinários monitoram a situação das aves vivas, incluindo exames para avaliar as suas condições de saúde.
Providências
Rações para cachorros, migalhas de pão, bolachas, pipocas, entre outros, são costumeiramente arremessados por frequentadores do parque para interagir com os peixes e as aves que habitam a área. Para coibir a prática, nos próximos dias, serão colocadas placas para alertar sobre os riscos da alimentação inapropriada aos animais.
Outra medida que o governo planeja para os próximos dias é a implantação de dois aeradores no lago. Os aparelhos servem para movimentar a água e ampliar a oxigenação, de modo a melhorar a qualidade do sistema. Conforme Benoit, os equipamentos já foram adquiridos pelo município. Resta ainda a colocação de pontos de energia para viabilizar o funcionamento.
“Todo animal tem uma dieta específica”
Professor na Univates, Ivan Cunha Bustamante Filho é médico veterinário e doutor em Zootecnia pela Ufrgs. A seguir, analisa as circunstâncias em torno das mortes dos patos.
O que pode estar relacionado com a morte desse animais?
Ivan Bustamante – Antes de tudo, é preciso considerar que os animais de vida livre morrem naturalmente também. Eles não são vacinados, não são levados a veterinários e não são medicados. Muitas vezes, pode ocorrer um surto de uma bactéria, parasita ou vírus, e uma parte dos animais morrer. Isso é totalmente comum e esperado. A resposta sobre o motivo das mortes virá dos laudos de patologia, toxicologia e da água, que podem ajudar a apontar a uma causa. Como não há um controle de reprodução desses patos, se eles não estiverem se reproduzindo, é possível que eles estejam envelhecendo e morrendo de forma natural.
Por que é desaconselhável alimentar os animais do parque?
Bustamante – Isso é regra em qualquer parque do mundo. Muitas vezes, esses lugares públicos têm a sua própria rotina de alimentação. Mas a relação entre homem e animal é normal. São animais que vivem num espaço urbano e essa coexistência com o ser humano pode ser boa ou ruim. Todo animal tem uma dieta específica. Ao fornecer uma alimentação diferente daquilo que ele está acostumado, pode haver consequências sim. É claro que, se uma criança vai lá e joga farelos de pão, não será grande problema. Mas se todo o dia for uma turma, por exemplo, distribuir pão no laguinho, isso vai causar uma alteração na dieta. Muitas vezes essas comidas terão açúcares, gorduras, algum tipo de carne, condimentos, com os quais o animal não está acostumado. Isso terá implicações na sua saúde.
ALEXANDRE MIORIM – alexandre@jornalahora.inf.br