Desde o governo Temer, sustento meu ponto de vista quanto à Reforma da Previdência de forma clara: antes de mexer na vida dos que mais precisam do Estado, vamos cortar privilégios.
Nosso sistema previdenciário vem de um Brasil que não existe mais. Em 40 anos, mudaram as relações de trabalho, cresceu o empreendedorismo individual, ampliou-se a expectativa de vida. A reforma é necessária e urgente. Entretanto, atrás da dureza de cada número há uma vida humana.
O trabalhador não pode ser punido, pois contribui mensalmente durante todo o tempo de serviço, com valores retidos no contracheque e, ao contrário dos maus empregadores, sequer tem espaço para sonegar. Por outro lado, estima-se que a dívida de empresas e de empresários junto ao INSS já chegue a R$ 450 bilhões. Antes de condenar muitos brasileiros a uma velhice com meio salário mínimo, não de deveríamos cobrar esta conta bilionária? É um privilégio cruel. Precisamos de uma mudança de cultura que repare desigualdades, que corrija distorções.
Começa-se fazendo o dever de casa. Esperei que o fim da a última campanha eleitoral para divulgar esta informação: em 27 de outubro de 2016, abri mão da aposentadoria especial a qual teria direito como parlamentar. Ao me aposentar, estarei submetido aos mesmos critérios dos trabalhadores do regime privado.
Devemos fazer esta reflexão não apensas no Legislativo, mas no Judiciário, nas carreiras bem remuneradas do Executivo, no Ministério Público, nas cortes de Contas, nas grandes estatais, nas carreiras militares.
Os setores público e privado não podem ser tão diferentes. E, dentro da esfera pública, não pode haver tamanha distância entre a aposentadoria de um professor, por exemplo, e a de um procurador. Defendo o fim deste abismo entre os que ganham menos e os que ganham mais. Este é um assunto que diz respeito a todos nós. E talvez a verdadeira reforma tenha início e em cada consciência.
Opinião
Edson Brum
Único deputado estadual do Vale do Taquari
Assuntos do cotidiano e política