A falta de regulamentação do transporte urbano coletivo de Lajeado resulta neste péssimo serviço disponível à população. Desconforto, escassez de horários, e o alto custo da tarifa apequenam ainda mais o já baixo número de passageiros diários. Aliado a isso tudo, um possível e astronômico reajuste da passagem. Creio que o valor ficará abaixo da proposta de R$ 4,30. Mesmo assim, será alto demais para um modelo que não satisfaz o usuário.
Hoje o passageiro gasta R$ 3,90. Nos bastidores, o governo municipal discute a possibilidade de aumentar para R$ 4,10. Caso se concretize tal reajuste, ficaria bem abaixo do valor aprovado pelo Conselho de Trânsito – R$ 4,30 –, e muito mais abaixo do valor solicitado pelas duas empresas responsáveis pelo serviço na área urbana, R$ 5,73.
Em um primeiro olhar, o prefeito tem tudo para sair por cima neste enredo todo. Afinal, para quem se assustou com os R$ 4,30 apresentados na semana passada, um aumento para R$ 4,10 não parece tão ruim. Mas é ruim, sim. Aliás, qualquer aumento é muito danoso neste momento.
Esse reajuste não garante melhorias no serviço. Podem apostar! Hoje, o valor de R$ 3,90 já está bem acima da realidade de qualquer cidade do mesmo porte de Lajeado no Estado. E se para alguns viventes esses 20 ou 40 centavos a mais significam pouco, pode apostar que significam muito para a maioria dos usuários do serviço. Para quem depende do transporte público, pode significar um rancho completo no fim do mês. E é para essa maioria que devemos olhar neste momento.
Não se trata de uma caça às bruxas contra os empresários. Diante da insegurança contratual, e até certo ponto, é compreensível a falta de investimento por parte das empresas. Como investir na renovação completa da frota se amanhã ou depois o contrato será rompido? A responsabilidade, já que estamos falando de uma concessão pública, é do gestor público e sua equipe. Eles é que precisam dar um jeito neste quase desserviço prestado à população.
Mas essa novela é longa. Nunca houve processo licitatório homologado em Lajeado. Ou seja, as duas empresas sempre trabalharam com esta insegurança jurídica e contratual. Nossos gestores, que nunca utilizaram ou precisaram do serviço, são morosos e incompetentes nesta questão há décadas. E as razões desta morosidade parecem mal estacionadas nos corredores e bastidores da prefeitura.
Nada vai melhorar sem a aguardada licitação e a necessária modernização do sistema. E por que não licitam? O que estão esperando? Por que demorar tanto para algo tão elementar e já visualizado em cidades menores, maiores ou de mesmo porte? Por que não copiar modelos internacionais? Por que insistem em não presentear os contribuintes com um serviço digno? Por que não “libertam” as empresas dessa insegurança que impede e apequena os necessários investimentos?
A cada dia que passa, um novo usuário desiste do transporte público. A cada ano, centenas. Para uma cidade que pretende se promover como destaque seja lá onde for, andar na contramão deste importante mecanismo de mobilidade urbana é um verdadeiro tiro no pé. Estão criando uma âncora difícil de levantar. É preciso, mais do que nunca, encerrar com essa inexplicável morosidade.
Sanatório geral
Jair Bolsonaro deve pagar a vergonha em prestações. A cada novo tuíte, uma nova gafe. Faz a ex-presidente – ou presidenta, sei lá – parecer um poço de intelectualidade. A pior postagem desde que assumiu veio no carnaval. Um vídeo escatológico de um homem urinando em outro. Tudo para tentar equilibrar o ranço dele com a maior festa cultural do país. Com a desonestidade natural dos tempos de campanha, postou uma cena isolada para denegrir um cenário histórico e, claro, manchar a imagem do país mundo afora. Nada de novo no estandarte.
Beleza do carnaval
Diferente do presidente, milhões de pessoas curtiram a maior festa cultural do país neste feriado – muitos não gostam, mas adoram o feriadão prolongado. A beleza das escolas de samba, no Rio de Janeiro principalmente, e a alegria dos foliões em praticamente todas as cidades do Brasil demonstram que, apesar do ranço conservador incrustado em muitas administrações públicas – inclusive em Lajeado –, o espírito carnavalesco sobrevive. Que bom. O brasileiro, além de segurança, saúde e educação, também merece diversão.
Tiro Curto
– Dois lados da moeda. Em Taquari, o prefeito Emanuel Hassen (PT), o “Maneco”, também arranjou polêmica no carnaval. No Instagram, postou foto – com a frase “TamoJunto” – de um grupo de meninas desfilando com cartazes. Em um desses, uma grosseira mensagem de baixo calão para o presidente Jair Bolsonaro. O gesto não condiz com o cargo ocupado pelo petista;
– Também em Taquari, o MP instaurou inquérito civil para apurar “deficiência no Centro Municipal de Fisioterapia e nos serviços de fisioterapia prestados pelo município”;
– Em Estrela, moradores e comerciantes não aguentam mais os recorrentes alagamentos na Av. Rio Branco, em frente ao posto de combustível;
– Já em Encantado, muitos militantes ainda estão na dúvida: afinal, quais partidos são de Situação e quais são de Oposição?
– Mais dois currículos chegaram à mesa do governador Eduardo Leite. O cargo? Coordenador regional de Educação no Vale do Taquari;
– Os deputados federais e senadores, com seus pomposos salários e gordas aposentadorias precoces, ganharam 12 dias de recesso neste carnaval. E a maioria, garanto, é “contra” a festa popular;
– No próximo domingo, tem Arte na Praça na “Praça do Papai Noel”, em Lajeado. O encontro será alusivo ao Dia Internacional da Mulher!
Boa quinta-feira a todos!